Um núcleo duro de futebolistas, com um tridente ofensivo formado por Cavém, José Augusto e José Águas, e os “apoios” de Santana e Mário Coluna, ajudou ao sucesso de Bélla Guttmann no primeiro título europeu do Benfica.

Há 50 anos, a 31 de Maio de 1961, o Benfica fazia história na Europa do futebol. O clube já conquistara uma Taça latina (1950), mas, no apogeu dos futebolistas húngaros, ainda estava aquém de colossos como Real Madrid e FC Barcelona.

Na sua segunda época no Benfica, seria Guttmann, também ele magiar, a mudar a história, oferecendo aos “encarnados” o primeiro grande troféu, a Taça dos Clubes Campeões Europeus, numa proeza que repetiria na época seguinte, já com Eusébio.

O treinador reuniu um grupo de indiscutíveis, numa campanha em que foi muito fiel às suas ideias, em especial no capítulo atacante, colocando quase sempre em campo os mesmos jogadores.

Numa altura em que não havia substituições, Costa Pereira era o guarda-redes, no meio-campo surgiam Cruz (mais recuado), Neto, Santana e Coluna, e na frente Cavém (na esquerda), José Augusto (na direita) e o capitão José Águas.

Nos nove jogos europeus, foram oito os totalistas, num percurso com poucas oscilações e no qual Germano (oito jogos) – considerado à época o melhor defesa central europeu – era o grande esteio defensivo.

Guttmann apenas não contou com o jogador na primeira “mão” da segunda eliminatória (6-2 ao Ujpest), optando por Artur, e também não teve Ângelo num dos jogo com o Hearts (vitória por 2-1).

As grandes mexidas na equipa campeã europeia aconteceram quase sempre na lateral direita: o treinador não pôde contar com o lesionado Mário João, que

entrou no primeiro jogo (Hearts) e depois só na final (FC Barcelona).

Saraiva e Serra foram menos utilizados, o primeiro com o Hearts (nos dois jogos), Ujpest (dois jogos) e Rapid (na segunda “mão” da meia-final), e o segundo com os dinamarqueses do Aarhus (dois jogos) e na primeira “mão” da meia-final (Rapid).

Com 26 golos marcados nos nove jogos, o Benfica teve nos homens da frente a apetência para a baliza contrária, com José Águas a ser o melhor marcador, com 11.

José Augusto, considerado por muitos o “delfim” de Bélla Guttmann, viria a ser o segundo melhor marcador da equipa, com sete golos, cabendo os restantes a Santana (três), Cavém (dois) e Coluna (dois).

Na final de Berna, o Benfica viu-se a perder a partir dos 20 minutos, mas dois golos num espaço de dois minutos permitiram a reviravolta no marcador.

Primeiro por Águas (30), a concluir uma jogada em que Coluna lançou Cavém e este cruzou para o capitão dos “encarnados, e, depois, num lance infeliz do guarda-redes Ramallets (32), com a bola a entrar por alto junto ao poste esquerdo.

No segundo tempo o Benfica chegou ao 3-1, por Coluna (55 minutos), num pontapé de fora da área, mas o FC Barcelona reduziu (3-2), também num pontapé distante de Czibor, tornando os minutos finais os mais longos na consagração de um novo campeão europeu.

Percurso do Benfica rumo ao primeiro título europeu:

PRIMEIRA ELIMINATÓRIA
- 1.ª “mão” (29/09/1960):
Tinecasle Park, em Edimburgo.
Hearts (Esc) – Benfica, 1-2.
Costa Pereira, Mário João, Cruz, Saraiva, Germano, Neto, José Augusto, Santana, José Aguas, Mário Coluna e Cavém.
Marcadores: 0-1, José Águas, 36; 0-2, José Augusto, 74; 1-2, Young, 80.
- 2.ª “mão” (05/10/1960):
Estádio da Luz, em Lisboa.
Benfica – Hearts (Esc), 3-0.
Costa Pereira, Ângelo, Cruz, Saraiva, Germano, Neto, José Augusto, Santana, José Águas, Mário Coluna e Cavém.
Marcadores: 1-0, José Águas, 07; 2-0, José Augusto, 49; 3-0, José Águas, 60.

SEGUNDA ELIMINATÓRIA
- 1.ª “mão” (06/11/1960):
Estádio da Luz, em Lisboa.
Benfica – Ujpest (Hun), 6-2.
Costa Pereira, Ângelo, Cruz, Neto, Artur, Saraiva, José Augusto, Santana, José Águas, Mário Coluna e Cavém.
Marcadores: 1-0, Cavém, 01; 2-0, José Águas, 06; 3-0, José Augusto, 12; 4-0, Santana, 16; 5-0, José Aguas, 28; 5-1, Gorocs, 69; 5-2, Pataki, 77; 6-2, José Augusto, 87.
- 2.ª mão (30/11/1960):
Nepstadion, em Budapeste.
Ujpest (Hun) - Benfica, 2-1.
Costa Pereira, Ângelo, Cruz, Neto, Germano, Saraiva, José Augusto, Santana, José Águas, Mário Coluna e Cavém.
Marcadores: 0-1, Santana, 06; 1-1, Halapi, 55; 2-1, Szusza, 61.

QUARTOS DE FINAL
- 1.ª mão (08/03/1961):
Estádio da Luz, em Lisboa.
Benfica – Aarhus (Din), 3-1.
Costa Pereira, Serra, Ângelo, Neto, Germano, Cruz, José Augusto, Santana, José Águas, Mário Coluna e Cavém.
Marcadores: 1-0, José Águas, 20; 2-0, José Augusto, 50; 2-1, Amdinse, 51; 3-1, José Águas, 58.
- 2.ª mão (30/03/1961):
Estádio Municipal, em Aarhus.
Aarhus (Din) – Benfica, 1-4.
Costa Pereira, Serra, Ângelo, Neto, Germano, Cruz, José Augusto, Santana, José Águas, Mário Coluna e Cavém.
Marcadores: 0-1, José Augusto, 02; 0-2, José Águas, 31; 0-3, José Augusto, 43; 1-3, Bruno Jensen, 76; 1-4, Santana, 81.
Nota: O Benfica terminou o jogo com 10 jogadores, depois de Guttman ter feito sair Cavém a meio da segunda parte.

MEIAS FINAIS
- 1.ª mão (26/04/1961):
Estádio da Luz, em Lisboa:
Benfica – Rapid Viena (Aut), 3-0.
Costa Pereira, Serra, Ângelo, Neto, Germano, Cruz, José Augusto, Santana, José Águas, Mário Coluna e Cavém.
Marcadores: 1-0, Mário Coluna, 15; 2-0, José Águas, 24; 3-0, Cavém, 61.
- 2.ª mão (04/05/1961):
Wiener Stadion, em Viena.
Rapid Viena (Aut) – Benfica, 1-1.
Costa Pereira, Ângelo, Cruz, Neto, Germano, Saraiva, José Augusto, José Águas, Santana, Mário Coluna e Cavém.
Marcadores: 0-1, José Águas, 65; 1-1, Skocik, 72;
Nota: O jogo acabou um minuto mais cedo devido à invasão de campo por adeptos austríacos, após um lance em que Skocik foi derrubado e agrediu um jogador “encarnado” e o árbitro. A polícia levou a equipa de arbitragem e do Benfica para os balneários.

FINAL
- Final (31/05/1961):
Estádio Wankdorf, em Berna.
Benfica – FC Barcelona (Esp), 3-2.
Costa Pereira, Mário João, Ângelo, Neto, Germano, Cruz, José Augusto, Santana, José Águas, Mário Coluna e Cavém.
Marcadores: 0-1, Kocsis, 20; 1-1, José Aguas, 30; 2-1, Ramallets, 32 (pb); 3-1, Mário Coluna, 55; 3-2, Czibor, 75.

Seja o melhor treinador de bancada!

Subscreva a newsletter do SAPO Desporto.

Vão vir "charters" de notificações.

Ative as notificações do SAPO Desporto.

Não fique fora de jogo!

Siga o SAPO Desporto nas redes sociais. Use a #SAPOdesporto nas suas publicações.