O presidente da LPFP, Fernando Gomes, disse hoje que o actual modelo da indústria do futebol profissional «não garante a sua competitividade e sustentabilidade», pelo que, tal como o país, é preciso «acordar para a realidade».

Fernando Gomes falava durante a apresentação de um estudo sobre a sustentabilidade do futebol profissional em Portugal, na sede da Liga, realizado pela Universidade Católica (UC) com a colaboração da Delloitte.

«Por muito dura que seja, a resposta é clara. Este caminho não garante uma longa competitividade à indústria do futebol profissional», sustentou Fernando Gomes, tendo como base os dados revelados pelo estudo.

De acordo com o dirigente, «só receia a verdade quem se sente incapaz de a mudar. Os clubes não se sentem incapazes. Antes se motivam para os desafios e isso faz-se com verdade, trabalho, objectivos claros e coragem».

«Fazemos milagres com os nossos recursos disponíveis e o facto de os nossos resultados desportivos serem melhores do que os de outros com mais recursos resulta da nossa extrema competência», defendeu Fernando Gomes.

Mas, o dirigente alerta para a necessidade de que esses resultados desportivos não ofusquem a capacidade de analisar de forma crítica o estado actual do futebol profissional em Portugal e o caminho a seguir no futuro.

«A análise aos números mostram um futebol profissional com um crescimento muito superior ao próprio país, mas é um crescimento assente numa base de endividamento e financiamento», refere Fernando Gomes.

O dirigente disse ainda que dado o actual cenário, e numa altura em que as medidas impostas pelas instâncias internacionais limitarão em muito a conceção de crédito, seria «irresponsável pensar que tudo vai ficar igual».

«O actual sistema funciona enquanto existir capacidade dos clubes e conforto dos bancos. Quando um destes lados tremer o edifício perde alicerces e tende a abrir fissuras que o pode levar ao chão», explica.

Fernando Gomes explicou que o estudo agora apresentado, e a que os clubes da Liga e Liga de Honra tiveram acesso quinta-feira, pretende evitar o colapso do futebol profissional em Portugal.

«Precisamos de analisar tudo com detalhe, refletir e tomar decisões. Depois deste diagnóstico, lançaremos a discussão sobre diversos temas vitais, naquele que será o primeiro congresso do futebol profissional e se realizará ate final de 2011», disse.

Desse debate de ideias, e do contínuo diálogo com os clubes - ainda de acordo com o dirigente, que irá propor a criação de um observatório -, «nascerá um plano de acção concreto, calendarizado e com objectivos bem definidos».

«Temos de ser capazes de desenhar soluções e de implementar as estratégias definidas, mas também de medir os seus efeitos práticos, saber sem medos se estão a cumprir os objectivos a que se propuseram», sustenta.

Fernando Gomes recordou que quando chegou à Liga disse que o seu trabalho não era uma corrida de 100 metros: «Hoje temos ainda mais consciência de que a indústria do futebol profissional precisa de quem congrega esforços, reúna competência e saiba reflectir o todo e não cada uma das partes».