Uns chegam mais cedo e dormem uma sesta, outros em cima da hora com a família e ainda há os que viajam quilómetros e não perdem um único treino: são os emigrantes na Suíça a acompanhar o Benfica.

Desde que os “encarnados” chegaram ao aeroporto de Genebra é como se estivessem em casa: primeiro a recepção entusiástica nas horas iniciais, depois a presença contínua em cada treino aberto no Centro Desportivo de Colovray.

Não existe um metro quadrado nos locais por onde passa a equipa do Benfica em que não se fale o português, muitas vezes com o sotaque francês de quem está há demasiados anos emigrado, mas que continua a acompanhar o futebol nacional.

A rotina é sempre a mesma, sair do trabalho ou pedir dispensa para ver mais um treino ou até comprar bilhetes para os jogos. A ideia é não perder a oportunidade, afinal, como diz José da Silva, «o Benfica é a minha segunda família».

Isabel, emigrada na Suíça há 14 anos, trouxe os filhos pequenos e revela que não conhece muito bem os jogadores, mas que todos os anos – desde que os “encarnados” estagiam em Nyon – que vê os treinos em Colovray.

O filho Toni, de 9 anos, é verdadeiro conhecedor da equipa e, equipado a rigor, revela que estará no último do jogo do estágio, na terça-feira frente ao Dijon, no entusiasmo de quem assiste a uma final da Liga dos Campeões.

O vermelho é a cor dominante, não é só no relvado, mas também nas bancadas e em toda a área circundante do Complexo de Colovray, mas para uns é preciso ir muito mais além, e o Benfica até surge tatuado no corpo.

José Manuel Alves exibe orgulhoso a sigla SLB tatuada nas costas e aproveita para cantar:

«Nasci no Benfica com orgulho e vaidade, a minha mãe deu-me à Luz, não me deu a Alvalade», provocando a risada entre os amigos.

Este emigrante, natural de Viseu, mostra também um bilhete para um jogo, salientando o preço de 21 francos devido ao IVA, e aproveita para dizer que tem «fé no título», mas ainda com o amargo de uma última época para esquecer.

«Eu tenho fé em Deus que somos campeões, não é em Jesus, é em Deus. Em Jesus não tenho muita fé», conclui o emigrante, ao mesmo tempo que aponta para o relvado na direcção do técnico “encarnado”.

Imagem: A Bola