Ao meio-dia desta sexta-feira, cerca de 20 jogadores portugueses no desemprego juntaram-se no Marquês de Pombal para a corrida “pelo jogador português”, que terminou, perto das 14h00, na Câmara Municipal de Lisboa. O objectivo é «sensibilizar dirigentes, treinadores para a qualidade do jogador português». No organismo da Praça do Comércio ia ser apresentado um estudo sobre a utilização de jogadores portugueses e estrangeiros nas duas Ligas profissionais. E no final, os dados mostram que, na época passada, o número de jogadores não-portugueses era superior na I Liga. O Marítimo foi o que mais estrangeiro contratou, o Rio Ave o que mais apostou nos lusos. Logo seguido pelo Sporting, tendência que Evangelista prevê que vá mudar esta temporada.

Joaquim Evangelista, presidente do SJFP, continua a dar voz a esta causa e aos problemas que afligem os jogadores. No entanto, ressalva que «não há xenofobia, muitos dos jogadores estrangeiros são associados», mas que se trata de «uma questão de equilíbrio». E desejava que ‘uma mão de ferro’ entrasse no futebol português.

«Desejava uma troika para o futebol português. Porque a Liga não tem essa capacidade, a UEFA há muito tempo que percebeu, dai ter criado Fair-Play financeiro», frisou o dirigente.

Joaquim Evangelista citou ainda com a magistrada Maria José Morgado, quando esta disse que «o desporto é off shore do país, comporta-se quase como uma coisa intocável», assumindo que comunga da mesma opinião. E questiona-se o que ganha o futebol português com as «transferências milionárias».

«Também não compreendo. Até aquelas transferências que aparentemente são benéficas para o futebol português de 30 milhões, mas quem beneficia?Clubes?Jogadores que não são pagos? A titularidade dos direitos económicos está nas mãos de investidores, dos fundos. O dinheiro não fica no futebol português», explicou, lembrando um recente estudo da Liga de clubes. «Há um endividamento de 500 milhões de euros nos últimos 10 anos».

O Sindicato de Jogadores vai continuar a sua caminhada pela integração dos jogadores portugueses desempregados, com cerca de 60 nessa situação, entre Lisboa e Porto. De entre todos, apenas meia dúzia deles teve a oportunidade de integrar planteis da primeira liga.