O agravamento do IVA de seis para 23 por cento (escalão máximo) sobre o preço dos bilhetes vai ser absorvida por alguns clubes dos dois escalões profissionais de futebol, embora muitos defendam uma solução concertada.

Segundo a proposta de Orçamento do Estado para 2012, os bilhetes para espetáculos e eventos desportivos deixarão de ser tributados pela taxa mínima e passarão a ter de «reencaminhar» para as Finanças 23 por cento do seu valor

João Bartolomeu, presidente da União de Leiria, diz que este será um tema a abordar na quarta-feira entre todos os clubes, embora não tenha ainda uma opinião formada sobre uma solução que permita, pelo menos, suavizar a subida do imposto.

«Ainda não sabemos o que vamos fazer quanto ao aumento do IVA. Ainda estamos a estudar a situação, mas não concordo com o aumento. Vai criar ainda mais dificuldades aos clubes. O que o Governo devia fazer era baixar a despesa e não aumentar os impostos a toda a gente», sugeriu João Bartolomeu à agência Lusa.

No entanto, clubes como o Vitória de Guimarães, Beira-Mar, Gil Vicente, Feirense, Estoril-Praia ou Arouca mostram-se dispostos a manter os preços e a assumir a subida de 17 por cento.

«Em princípio, vamos assegurar esse ónus e suportar o aumento do IVA», afirmou à Lusa Luciano Baltar, vice-presidente do Vitória de Guimarães, clube que, mesmo assim, tem a “almofada” da venda de cativos.

A venda destes lugares, que estão isentos de IVA, representou esta época mais de metade da lotação do Estádio D. Afonso Henriques (15 664 lugares vendidos).

Pedro Coelho, administrador da SAD do Beira-Mar, também assume que será o clube a suportar o aumento, para “não agravar um cenário já de si grave”, mas também pede que o problema seja discutido em plenário de clubes.

O mesmo responsável admite que a eventual assimilação da subida do imposto será “facilitada” pelo fato de o Beira-Mar já ter recebido neste ano civil Benfica, FC Porto e Sporting, os clubes que permitem as maiores receitas da temporada.

O presidente do Gil Vicente, António Fiúza, também pede uma reunião entre os clubes profissionais para acertar uma posição conjunta, mas defende que sejam os clubes a assumir o encargo, de forma a evitar que o número de espetadores «diminua drasticamente».

«Teremos que aproveitar as receitas dos jogos com os grandes, nomeadamente Benfica e FC Porto», frisa o presidente do Gil Vicente, considerando que esta é a forma de compensar a absorção do aumento do IVA.

O presidente do Feirense, Rodrigo Nunes, admite que o clube «ainda não tem uma estratégia para combater o aumento da taxação dos bilhetes», mas tem praticamente a certeza de que será o clube a suportar o aumento, «para que os adeptos não fiquem prejudicados».

O presidente do Paços de Ferreira, Carlos Barbosa, tem uma opinião contrária e defende que «não faz sentido nenhum serem os clubes, que já vivem uma situação difícil, a suportar essa despesa».

«Ainda estamos a estudar a situação, mas, em princípio, iremos repercutir o aumento do IVA no preço dos bilhetes. Admito um ligeiro aumento no preço dos ingressos. O espetador terá de suportar mais uma despesa», reconheceu o líder pacense.

O presidente do Olhanense, Isidoro Sousa, ainda não sabe por qual solução vai optar, mas tem a certeza de que o clube «vai ficar a perder» com esta subida do imposto.

«É um problema sério para nós e ainda não sabemos como vamos atuar no futuro. O que sabemos é que, em tempos de dificuldades económicas para as pessoas, subir o preço dos bilhetes será muito complicado para os adeptos», lamentou o dirigente algarvio.

Na Liga de Honra também há clubes disponíveis para suportarem o aumento, como o Estoril-Praia, que vai «assumir o aumento do IVA na totalidade», segundo o presidente, Tiago Ribeiro.

O vice-presidente do Arouca, António Jorge Teixeira, diz que o clube «irá manter os preços, embora fique prejudicado com isso».

«Os bilhetes já são tão caros que se aumentarmos o preço vamos ter muito pouca gente no estádio», alertou António Jorge Teixeira.

Já Belenenses ou Desportivo das Aves dizem não ter condições de assumir o salto de 17 por cento no IVA, embora o clube do Restelo admita ainda uma alternativa que permita «arranjar uma situação de equilíbrio».

«Vamos ter de pensar muito bem e ver qual o impacto que essas coisas podem ter, porque não queria ver mais pessoas a afastarem-se. O objetivo é que haja mais pessoas a virem ao futebol e não que aquelas que já vêm, deixem de vir», afirma o presidente do Belenenses, António Soares.

Quanto ao Desportivo das Aves, o líder Armando Silva admite que «muito dificilmente o clube terá condições para suportar o aumento do IVA».