Com apenas seis golos sofridos, a equipa de Aveiro pode orgulhar-se de estar à frente dos três grandes - o FC Porto foi batido por sete vezes, o Benfica 10 e o Sporting 11 - no departamento da imbatibilidade. O segredo, segundo eles, não é segredo nenhum, é apenas e só o trabalho diário, pautado por momentos de grande diversão e descontração.

«Trabalhamos diária e semanalmente com o intuito de fazermos o melhor. Trabalhamos a coesão de todo um grupo, de toda uma equipa, porque da defesa faz parte toda a gente, especialmente hoje em dia, já que a maioria dos golos que se marcam são de bola parada», explicou à Agência Lusa Hugo.

O veterano “capitão” ri-se quando falam da sua experiência, mas não esconde a importância que uma mensagem de confiança ou uma transmissão de valores pode ter nos mais novos.

Exemplo disso é Joãozinho, vindo do Mafra, da II divisão: «O segredo da equipa é que toda a gente defende. O trabalho começa nos avançados. A equipa é bem compacta, trabalha bem. Quando estamos todos juntos, é mais fácil. Acho que o segredo está no trabalho diário e quando chegamos aos jogos isso reflete-se».

O lateral esquerdo aponta o equilíbrio entre os 34 anos de Hugo, os 31 de Rego, os 22 de Yohan e de si próprio e os 26 de Moreira como arma secreta da linha defensiva do Beira-Mar.

«Nós ensinamos-lhes aquelas ‘palhaçadas’, a que eles já não estão habituados. E eles contam-nos o que já viveram no futebol e o que sabem dentro de campo», contou, assumindo que no balneário estão todos felizes pelo sucesso da defesa.

Também Yohan Tavares tem bem presentes as palavras de Hugo no seu discurso, quando fala em concentração e trabalho como elementos fundamentais para o sucesso da defesa "auri-negra".

O internacional português, que teve o seu "pesadelo" pessoal quando encontrou Mateus, do Nacional, pela frente no corredor direito e que considera Cardozo o jogador mais difícil de marcar, não atribui os "louros" só à defesa, argumentando que para defender bem é preciso haver um trabalho conjunto que "parte da frente e vai até atrás, até à baliza do Rego".

Vindo da Liga de Honra, mais concretamente do Desportivo de Chaves, no defeso de 2010, Rui Rego sacode a responsabilidade de, até ao momento, as suas redes serem as menos gastas do campeonato nacional.

«Não sou o maior responsável, sou o último responsável. O facto de termos poucos golos sofridos é o reflexo do trabalho de toda a equipa», assegurou à Lusa.

Ciente que chegar ao fim do campeonato com o "título" de equipa menos batida seria uma oportunidade de ouro para valorizar todos os jogadores, o guarda-redes confia na defesa e «em toda a estrutura defensiva» e, por isso, não teme o frente-a-frente da próxima jornada, que vai opor a melhor defesa ao melhor ataque.

«O FC Porto é um adversário temível, recheado de excelentes jogadores, vamos ter de estar extremamente concentrados», alertou, indicando Hulk como o mais complicado dos atletas portistas.

Pedro Moreira também não está nervoso. Admite que o jogo de dia 10 de dezembro vai ter «uma dificuldade maior», mas confia nos seus companheiros da linha defensiva para assegurarem que o registo do Beira-Mar continuará nos seis tentos sofridos.

«Um bom jogo para a defesa era não sofrer golos. Mas em termos de equipa, além do não sofrer, era também marcar», indicou, confessando o maior pecado do conjunto aveirense: «Em termos ofensivos pecamos, porque temos feito poucos golos».

O pecado maior é visível nas estatísticas: nonos na classificação, com 13 pontos, os "auri-negros" só conseguiram marcar sete golos.

«Uma equipa como o Beira-Mar, que só tem seis golos sofridos, logicamente se tivesse uma maior eficácia em termos ofensivos estaria mesmo lá em cima, a lutar por lugares da Europa», acrescentou à Lusa Pedro Moreira.

O próximo passo, de acordo com todos, terá de passar por aí: manter a fortaleza que é a defesa aveirense, mas aumentar consideravelmente o número de nomes marcados.