O Ministério da Administração Interna (MAI) continua a dever aos clubes não profissionais mais de dois milhões de euros relativos ao policiamento, denunciou esta terça-feira Carlos Ribeiro, presidente da Associação de Futebol (AF) de Lisboa.

Carlos Ribeiro disse à Lusa que «a situação de atraso no pagamento mantém-se» e lamentou o impasse, um dos pontos abordados pelas associações distritais e regionais de futebol na reunião de setembro com secretário de Estado do Desporto e da Juventude, Alexandre Mestre.

«Fizemos sentir que era necessário e importante dar andamento à situação, que está a provocar um estrangulamento nos clubes do futebol não profissional», referiu o dirigente.

O presidente da AF Lisboa notou que o atraso do MAI «arrasta-se há mais de um ano e meio» e que «os clubes sofrem diretamente com a falta de pagamento do policiamento no futebol».

«Os clubes do futebol não profissional pagam o policiamento de um jogo quando requisitam os agentes de segurança. Por exemplo, cada jogo de seniores custa entre 150 e 200 euros. E têm de pagar em dinheiro, que não estão a receber desde maio de 2010», declarou.

Depois da liquidação, os recibos são enviados para as associações distritais e regionais, que os encaminha para a Federação Portuguesa de Futebol, responsável pelo envio para o MAI, que teria de pagar o policiamento mensalmente.

A verba para o MAI pagar o policiamento em espetáculos desportivos - em todas as modalidades - resulta das Apostas Mútuas Desportivas da Santa Casa da Misericórdia.

Do total de receitas do totoloto geradas mensalmente, 1,5 por cento destina-se a comparticipar as forças de segurança requisitadas para as manifestações desportivas.

No futebol, a comparticipação do Estado para o policiamento nos escalões jovens e nos campeonatos distritais é, na esmagadora maioria das vezes, inferior ao que os clubes gastaram com o policiamento, como realça Carlos Ribeiro.

«Há uma perda dos clubes, pois recebem depois um valor inferior», disse, acrescentando que «em cada 20 jogos de seniores há um que dá saldo positivo, o resto é tudo prejuízo para os clubes».

Além do policiamento, o dirigente explicou que os clubes «têm de pagar também a arbitragem» e observou que, nos escalões jovens, «o saldo negativo é maior porque não há venda de bilhetes».

Ribeiro referiu que o montante transferido pela Santa Casa da Misericórdia para o MAI é manifestamente insuficiente e tem sofrido uma redução nos últimos anos devido à quebra de receitas nos jogos de sorte.

«E o que é menos legítimo é que também as equipas profissionais recebam um subsídio desse bolo para jogarem nas ilhas. Na Taça de Portugal, o Benfica jogou no Marítimo no fim de semana e tem um subsídio de 1.750 euros para auxiliar nas despesas de deslocação e o dinheiro vem desse saco», referiu Carlos Ribeiro.

A agência Lusa contactou o MAI sobre o atraso no pagamento do montante em dívida, mas não recebeu qualquer informação do gabinete de imprensa do ministério.