Cerca de meia centena de trabalhadores de clubes manifestou-se esta quarta-feira frente à sede da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) contra o que consideram o «rompimento do acordo estabelecido para a revisão do Contrato Coletivo de Trabalho (CCT)».

Os trabalhadores entregaram na LPFP uma moção em que exigem «a assinatura imediata do texto de revisão do CCT» acordado em 03 de agosto e o «início de negociações tendo em vista a atualização dos salários em 2012».

O acordo negociado e que, segundo os representantes dos trabalhadores, a Liga se recusa a assinar, prevê, entre outras coisas, um aumento salarial de um por cento e um mínimo de 16 euros, e a alteração do subsídio de refeição de 6,65 para 6,75 euros.

«Os salários praticados pelos clubes de futebol aos trabalhadores cobertos pelo CCT (que exclui jogadores e treinadores) são muito baixos», referem, contrapondo os ordenados «miseráveis que pagam com os milhões que movimentam anualmente».

A revisão deste CCT, que os representantes consideram ter sido retido pela LPFP durante quatro meses, engloba cerca de 2.900 trabalhadores administrativos e comerciais de clubes e SAD, entre os quais os que laboram em lojas, bingos e nos recintos desportivos.

A LPFP alega a conjuntura económica que se vive no país como o motivo para não haver aumentos salariais em 2012, mas os trabalhadores consideram que «esta razão não tem fundamento, pois muitos sectores de atividade atualizaram os salários em 2011, incluindo comércio, hotelaria, restauração e jogo».

«O custo de vida tem vindo a aumentar todos os dias, incluindo produtos e serviços de primeira necessidade, entre estes o gás e a eletricidade, que registaram um aumento substancial devido à alteração da taxa do IVA», refere a moção entregue na LPFP.

O documento entregue refere ainda que «os trabalhadores não têm outra forma de fazer face ao aumento do custo de vida que não seja reivindicar o aumento do salário».

Os representantes do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP), Manuel Vieira, e do Sindicato dos Trabalhadores da Industria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Norte (STIHTRSN), Francisco Figueiredo, exigem que «a Liga assine o contrato acordado».

Manuel Vieira considera que «a confiança entre as partes foi quebrada pela LPFP» e que «não houve ética por parte deste organismo com o rompimento do Contrato Coletivo de Trabalho previamente acordado».

Francisco Figueiredo referiu ainda que espera retomar as negociações após a tomada de posse da nova direção da LPFP, para o que irá solicitar uma reunião de trabalho ao sucessor de Fernando Gomes, recém-eleito presidente da Federação.