O julgamento de João Vale e Azevedo, acusado de alegado peculato de quatro milhões de euros do Benfica, foi programado para 25 de setembro deste ano, revelou à agência Lusa uma fonte judicial.

A primeira audiência esteve marcada para 12 de outubro de 2011, mas o juiz do processo optou por não realizar o julgamento à revelia do arguido e decidiu adiar “sine die”, dada a impossibilidade de notificação de Vale e Azevedo, na altura a residir em parte incerta em Londres.

Em julho de 2010, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao Ministério do Interior britânico que indicasse a morada de Vale e Azevedo, uma vez que estava (e continua) a decorrer nos tribunais britânicos um pedido de extradição do advogado, no âmbito do processo Dantas da Cunha.

Na resposta à carta rogatória da PGR, as autoridades inglesas referiram que «a morada está incompleta» e que «resultaram infrutíferas as relevantes pesquisas para encontrar o correto endereço» em Londres de Vale e Azevedo.

A 3.ª Vara Criminal de Lisboa já tem informação do endereço de Vale e Azevedo na capital britânica e enviou carta rogatória para as autoridades judiciais da Grã-Bretanha para a notificação do arguido.

No despacho datado de 19 de dezembro, a que a agência Lusa teve acesso, o juiz do processo reconheceu «as vicissitudes» que a ação tem sofrido, pelo que o magistrado concluiu que a notificação não será realizada «em breve espaço de tempo».

Por essa razão, o juiz marcou o início das audiências, sem audição de qualquer testemunha, para finais de setembro.

Vale e Azevedo, ex-presidente do Benfica de 03 de novembro de 1997 a 31 de outubro de 2000, está indiciado da prática de três crimes de peculato, um de branqueamento de capitais, um de falsificação de documento e um de abuso de confiança.

Os factos que sustentam a acusação remontam ao período de janeiro de 1999 a julho de 2000 e referem-se à alegada apropriação de verbas do Benfica resultantes das transferências dos futebolistas Scott Minto, Gary Charles, Amaral e Tahar el Khalej.

João Vale e Azevedo pediu a nulidade da acusação, com a alegação de que tinha uma conta corrente com o Benfica, clube que viveu uma crise financeira de 1998 a 2000, com algumas contas bancárias a serem penhoradas de 24 de abril a 13 de junho de 1998.

De acordo com o ex-presidente do Benfica, a situação obrigou a que os créditos do clube fossem movimentados através de duas contas da Vale e Azevedo & Associados.