Mário Figueiredo, candidato à presidência da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), considerou que a redução de equipas na Liga portuguesa foi um enorme erro, defendendo o regresso ao modelo de 18 equipas.

«Foi um erro colossal que se fez na década passada ao diminuir uma fábrica produtora de resultados para o futebol e para o país», afirmou, em entrevista à agência Lusa.

O advogado lembrou que os clubes portugueses conseguem «encontrar jovens talentos, desconhecidos, que não são internacionais, cuja formação é terminada em clubes pequenos, médios ou grandes», que depois acabam por ser, em muitos casos, transferidos para o estrangeiro.

«Tínhamos uma fábrica produtora de talentos, tínhamos 18 clubes, que produziam resultados para os próprios clubes e para o país, e fomos à fábrica cortar um departamento. Não faz sentido. A ideia de que o futebol não produz resultados para o país é completamente errada», referiu.

Mário Figueiredo recordou que, quando a diminuição de clubes nas competições profissionais foi aprovada, defendeu que se estariam «a mandar dois clubes para a falência, porque na Liga Orangina os clubes são estruturalmente deficitários».

«Demos cabo de dois clubes formadores de talento. Isso tem de se inverter o mais rapidamente possível», reforçou o advogado, que, caso seja eleito, espera poder aprovar, até ao final de janeiro, o regresso a uma competição com 18 equipas.

Mário Figueiredo alertou ainda para os problemas que esta redução provoca a alguns clubes, que, em certas alturas, fazem «um jogo por mês no seu estádio».

«Quando saem da Taça da Liga ou da Taça de Portugal é um marasmo. Temos os jogadores a treinar, mas depois não jogam. A subida de 16 para 18 clubes é incontestável», sublinhou.

O candidato lembrou ainda um estudo que defende que a Liga de Honra «está um pouco desenquadrada», porque é «estruturalmente deficitária» e porque «acaba por ser uma liga de fim de carreira de alguns jogadores».

«Temos de inverter isso. A segunda liga tem de servir de abastecimento à primeira liga», salientou.

Mário Figueiredo diz que impedir a entrada de estrangeiros «de forma abrupta» pode matar o futebol português e que uma medida nesse sentido iria «inflacionar os poucos jogadores portugueses que há» e «piorar a qualidade» da Liga.

O candidato quer negociar o contrato coletivo com o sindicato para permitir que os clubes possam oferecer o primeiro contrato profissional a jogadores formados localmente com menos de 21 anos, «diminuindo o salário» – atualmente o mínimo está em um salário mínimo e meio (cerca de 730 euros) –, que poderia subir depois de um certo número de jogos.

Sobre o aumento para 22 clubes na Liga de Honra na próxima temporada, por via da introdução de equipas B, Mário Figueiredo considerou, em jeito de desabafo, que «os clubes deviam ter pensado um pouco nisso antes de terem aceitado esta situação sem receber a devida contrapartida».

«A questão está aprovada e é certo que os clubes vão ter mais custos. O que defendo é que seja aumentado o fluxo financeiro dos clubes da Liga para os da segunda, permitindo que estes tenham um nível mínimo de equilíbrio económico-financeiro e incentivando-os também a ser os tais clubes formadores», explicou.

O candidato sublinha que «os presidentes das equipas da segunda liga têm de meter dinheiro no futebol do bolso deles, porque os clubes têm sempre prejuízo», situação que, garante, não se pode manter «por mais tempo».

Mário Figueiredo é um dos dois candidatos assumidos à presidência da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, a par com António Laranjo, nas eleições intercalares de 12 de janeiro.