O secretário de Estado da Juventude e do Desporto considera que os futebolistas estrangeiros «são um ativo que enriquece os panoramas desportivo e competitivo do país», mas reforçou a intenção de introduzir medidas que protejam o «praticante nacional».

Em declarações à Agência Lusa, Alexandre Mestre comentou os números divulgados pelo "Observatório do Futebol", que revela a existência de 55,1 por cento de jogadores estrangeiros a atuar na Liga portuguesa de futebol, sendo que apenas 13,7 por cento são internacionais no ativo (que tenham jogado pelo menos uma vez em 2011 pela sua seleção).

O governante afirmou que «estes números reforçam e justificam a importância da iniciativa do governo de lançar um grupo de trabalho relativo à proteção das seleções nacionais e dos jovens praticantes».

«Considero que os jogadores estrangeiros são um ativo que enriquece os panoramas desportivo e competitivo do país. Sem prejuízo, é importante, da defesa do praticante desportivo nacional, sobretudo quando se fala de jovens portugueses, com quem devemos preocupar-nos e a quem devemos permitir que desenvolvam as suas capacidades», referiu.

De resto, em setembro do ano passado, quando recebeu a seleção sub-20 portuguesa, que se havia sagrado vice campeã do mundo na Colômbia, o Presidente da República, Cavaco Silva, aproveitou para criticar o excesso de jogadores forasteiros nos emblemas da Liga principal, em detrimento dos jovens atletas portugueses.

«Em Portugal, na primeira Liga de futebol, 58 por cento dos jogadores são estrangeiros e o sucesso que conseguiram é a demonstração que, neste domínio, em matérias do número de jogadores estrangeiros, algo está errado no futebol português», disse Cavaco Silva, numa cerimónia que serviu para entregar aos jogadores da seleção das "quinas" a condecoração de Cavaleiro da Ordem do Infante Dom Henrique.

A proposta de restrição de futebolistas estrangeiros, sugerida por uma comissão criada pelo governo para melhorar o desporto nacional, mantém-se em cima da mesa e será, inclusive, debatida no Parlamento, a 01 de fevereiro.

Alexandre Mestre diz ser «prematuro avançar com cenários nessa matéria», mas garantiu que «o governo orientar-se-á sempre pelo respeito da lei e pelos acordos vigentes», sendo certo que a maioria das recomendações não dependerá do governo.

«A hipótese de grande parte das recomendações serem dirigidas a eventuais ações que não dependem do governo, mas sim da ação do movimento associativo, deve também ser considerada», sublinhou à Lusa.

Segundo o "Estudo Demográfico", elaborado anualmente pelo "Observatório do Futebol", apenas 8,3 por cento dos jogadores das equipas lusas alinharam nos respetivos clubes pelo menos três anos, entre os 15 e 21 anos, valor que coloca Portugal muito abaixo da média europeia (22,2 por cento).

Entre os 33 campeonatos estudados, a Liga portuguesa ocupa o antepenúltimo lugar, sendo apenas ultrapassada pelas ligas turca (7,9) e italiana (7,4), e a larga distância da líder Islândia, que aproveita cerca de 43 por cento dos atletas oriundos da formação.