O que há em comum entre o clássico Benfica-FC Porto e ‘El Clásico’ que opõe Real Madrid a Barcelona? Aparentemente, os dois colossos espanhóis estão num patamar competitivo acima de todos os outros clubes. No entanto, há semelhanças que aproximam os dois candidatos ao título nacional aos arquirrivais espanhóis.

Nesta comparação ibérica, as afinidades são claras entre Benfica e Real Madrid. Os merengues começaram a construir a sua história lendária a partir dos anos 50, numa equipa de sonho liderada por Di Stéfano. A Taça dos Clubes Campeões Europeus parecia então um exclusivo do emblema madrileno, que somou cinco vitórias na prova entre 1956 e 1960. 

A saga triunfante foi interrompida por um estreante na final europeia, de seu nome Benfica. Sob a orientação de Bela Guttman, os encarnados surpreenderam a Europa, vencendo em 1961 e 1962, já com Eusébio como estrela em ascensão. Na década de 60, as águias marcariam presença em outras três finais, sem a felicidade de outrora.

O sucesso de Benfica e Real Madrid levou-os a serem olhados pelos rivais como "clubes do regime". Independentemente das relações pessoais e políticas que se estabeleceram, a verdade é que ambos venceram mais durante a vigência dos regimes ditatoriais de então, que usavam os seus êxitos internacionais como uma forma de afirmação no exterior. No caso do Real Madrid, o histórico presidente Santiago Bernabéu (que liderou o clube entre 1943 e 1978) chegou mesmo a combater no exército de Franco e tornou o Real no clube de referência em Espanha.

Real Madrid e Benfica são também os clubes com maior implantação nos adeptos espanhóis e portugueses. Paralelamente, ambos têm um símbolo que nasceu além-fronteiras e se tornou herói nacional: Di Stéfano, nascido na Argentina, e Eusébio, que nasceu em Moçambique. Curiosamente, ambos são amigos há cerca de 50 anos.

Do outro lado da barricada estão Barcelona e FC Porto. Emblemas das suas regiões, a Catalunha e o Norte, os dois clubes partilham o facto de dominarem os seus campeonatos nas duas últimas décadas. Um domínio recente, mas que tem sido reconhecido não só pelos títulos mas também pelo crescimento da sua massa associativa.

A conexão entre Barcelona e FC Porto era mais visível na época passada. Com André Villas-Boas ao comando da equipa, os dragões chegaram a receber o cognome de ‘mini-Barça’, pela elevada qualidade de jogo, que parecia apenas ao alcance dos catalães. Por outro lado, Era pública a admiração do ex-treinador portista por Pep Guardiola.

Este ano, o campeão nacional está longe do nível de 2010/11 e enfrenta a concorrência apertada de Benfica e Braga. Tal como sucede em Espanha, onde o Barcelona vê o rival Real Madrid caminhar a passos largos para o título. Contudo, ambos não desistem de “apostar as suas fichas” em dois canhotos com um mundo de diferenças entre si: Messi e Hulk. O argentino é um fenómeno à parte e só Cristiano Ronaldo está ao nível da comparação. O craque ‘blaugrana’ anula a sua fisionomia franzina com uma técnica prodigiosa e uma excelente visão de jogo. Já Hulk recorre mais à força e capacidade física para fazer a diferença.

Esta noite, às 20h15,trava-se no estádio da Luz mais uma ‘clássica’ batalha pela superioridade no futebol português.