O presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF), Gustavo Sousa, assegurou hoje, que os árbitros vão tomar “uma posição de firmeza” em relação às declarações recentes de Luís Filipe Vieira e Jorge Jesus sobre Pedro Proença.
“Os casos do Sporting e do Benfica são totalmente diferentes”, começou por justificar, em declarações à agência Lusa, Gustavo Sousa, quando confrontado com a aparente incoerência da APAF na posição que tomou face a declarações do presidente “leonino”, Godinho Lopes, e agora perante as que foram proferidas pelos presidente e treinador “encarnados”.
Essa diferença, segundo Gustavo Sousa, assenta no facto de as declarações de Godinho Lopes terem sido feitas “antes do jogo” com o Beira-Mar, em Aveiro, visando o árbitro João Ferreira, enquanto as de Luís Filipe Vieira e Jorge Jesus foram “após o jogo” com o FC Porto, no estádio da Luz.
O facto de estas terem sido proferidas “a posteriori” não configura, no entendimento de Gustavo Sousa, uma “coação” sobre o árbitro, além de que o “impedem de tomar uma posição”, passando o caso unicamente para “a esfera dos órgãos disciplinares”.
“Se alguém for jantar com outra pessoa e o agredir, o mais que a vítima pode fazer é avançar com um processo-crime. Mas se houver ameaça de agressão ‘a priori’, a vítima já não comparece no jantar”, referiu Gustavo Sousa, fazendo uma analogia para justificar a posição distinta que os árbitros tomaram face ao Sporting e ao Benfica.
No caso que envolveu os “leões”, João Ferreira declarou-se indisponível para dirigir a partida Beira-Mar-Sporting, depois de Godinho Lopes ter criticado a escolha deste árbitro por parte da Comissão de Arbitragem, alegando antecedentes que não a recomendavam, o que desencadeou a solidariedade do colega que a Comissão de Arbitragem nomeou para o substituir, Paulo Baptista, o qual também recusou apitar o jogo em causa.
Já no caso mais recente, do Benfica, Jorge Jesus afirmou que o árbitro assistente “só não assinalou o fora de jogo que deu origem ao terceiro golo portista porque não quis”, enquanto Luís Filipe Vieira pediu mesmo que Pedro Proença “nunca mais fosse nomeado” para dirigir jogos dos “encarnados”.
Outra justificação avançada pelo presidente da APAF para o silêncio dos árbitros até ao momento é o facto de estar em curso um processo no âmbito do Conselho de Disciplina relativo às declarações do presidente e do treinador do Benfica após o jogo com o FC Porto, cujo resultado aguardam.
No entanto, apesar do silêncio a que se remeteram até agora, Gustavo Sousa quis deixar claro que os árbitros não estão parados e que vão tomar uma posição firme em breve.
“Amanhã [terça-feira] temos uma reunião, pelas 14:30, com o presidente da FPF, Fernando Gomes, para tentar desbloquear esta situação”, revelou Gustavo Sousa, para quem tal iniciativa visa “arranjar uma solução que impeça os agentes desportivos de dizerem tudo o que querem sobre as arbitragens”.
No seu entendimento, os castigos “devem ser mais severos do que são”, no sentido de evitar declarações que “atentem contra a honorabilidade dos árbitros”, que são “sempre penalizados quando erram, ao contrário do que acontece com os erros dos treinadores e jogadores”.
Segundo Gustavo Sousa, que se escusou a revelar a sua posição sobre o boicote dos árbitros aos jogos do Sporting, alegando que “não era o presidente da APAF à altura dos acontecimentos”, certas declarações “põem em causa o futebol português e próprio país além-fronteiras”, onde “a postura dos nossos dirigentes, treinadores e jogadores é completamente diferente”.
Após a reunião de terça-feira com o presidente da FPF, a APAF “irá emitir um comunicado à imprensa”, cujo conteúdo “dependerá da forma como decorrer o encontro com Fernando Gomes”, comunicado esse que “não encerrará a questão” por parte dos árbitros relativamente às declarações de Luís Filipe Vieira e Jorge Jesus.
“A nossa intenção não é perturbar o futebol português, mas não podemos deixar de tomar posição firme em defesa dos árbitros”, disse Gustavo Sousa, que promete, ainda, convocar para breve uma reunião com todos os árbitros, da qual sairá uma posição coletiva sobre o caso em apreço.
Questionado se essa posição poderá ser semelhante à que foi tomada no caso do Sporting, em que os árbitros se solidarizaram com João Ferreira e Paulo Baptista, recusando apitar jogos do emblema "leonino", Gustavo Sousa disse que “todas as hipóteses estão em cima da mesa”.
Os árbitros João Ferreira e Paulo Batista foram punidos pelo Conselho de Disciplina da FPF com três e dois jogos de suspensão, respetivamente, por se terem escusado a dirigir o jogo Beira-Mar-Sporting, da segunda jornada da Liga, a 21 de agosto de 2011.

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