O presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, Mário Figueiredo, defendeu hoje que a «repescagem» dos clubes que descem à "Honra", em função do alargamento da prova principal, não fere a verdade desportiva.

Em declarações proferidas após uma maratona de cerca de sete horas de Assembleia Geral (AG), Mário Figueiredo refutou a tese que aponta para os efeitos negativos desta decisão, que isenta os clubes da despromoção na presente época.

«Há, no meio da tabela, uma quantidade de clubes que também não luta por subir ou descer», exemplificou o dirigente, a quem «não parece» que a integridade da competição saia ferida pela decisão dos clubes.

A fórmula de repescagem foi aprovada com 23 votos a favor e 21 contra (mais quatro abstenções), após ter sido reprovada a solução da própria direção do organismo, que preconizava a disputa de uma «liguilha».

A fórmula defendida por Mário Figueiredo passava pela disputa de um mini-campeonato, no final da época, entre os 15.º e 16. classificados da Liga e os terceiro e quarto da Liga de Honra.

A aprovação, em AG, desta alteração ao Regulamento de Competições não representa, por si só, a certeza de que o alargamento e consequente regime transitório de subidas e descidas entre em vigor na próxima época, pois terá que ser ainda aprovado em sede da Federação Portuguesa de Futebol.

«O futuro, neste caso, não depende só da Liga», reconheceu Mário Figueiredo, sublinhando que «o alargamento só entrará em vigor se houver consenso» entre os dois organismos.

Questionado sobre o anúncio de eventuais impugnações das decisões da AG de hoje (o Nacional da Madeira tornou pública essa intenção e o Sporting reserva-se ao mesmo direito), o dirigente afirmou:

«Estamos a empolar demasiado a questão do alargamento.»

«É estranho que apareçam agora essas questões, como a aprovação a meio de uma época, quando se aprovou o alargamento da Liga de Honra também a meio de uma época: esta, em dezembro», sublinhou.

Para Mário Figueiredo, que hoje completou três meses de mandato, «este alargamento é tão legítimo como o outro».

O presidente da Liga quis ainda realçar a vontade dos clubes em centralizar na Liga os direitos das transmissões televisivas:

«Foi um dia histórico, para uma questão estrutural do futebol nacional, pois obteve-se um consenso no sentido de aprofundarmos os estudos nesse sentido.»

O presidente da Liga foi mandatado, conforme a declaração final do Conselho de Presidentes, para fundamentar num estudo económico a preparação da instrução de uma eventual queixa - a deliberar em reunião futura - na Direção Geral da Concorrência da Comissão Europeia, até 30 de junho, que tenda a declarar nulos os contratos de cessão de direitos de transmissão televisiva dos clubes.

Porém, a «unanimidade» anunciada por Mário Figueiredo revela apenas o voto de 29 dos 32 clubes da Liga, tendo faltado a essa reunião Benfica, FC Porto e Sporting de Braga.