O peruano Teófilo Cubillas, uma das primeiras estrelas do futebol mundial em Portugal, confessou hoje que os três anos passados no FC Porto «poderiam ter sido muitos mais» e que o clube passou de «patinho feio a grande da Europa».

O antigo “10” portista, de 63 anos de idade, encontra-se em Portugal como convidado do VIII Congresso Internacional de futebol, que decorre hoje e terça-feira, na Maia, e onde será ainda homenageado, juntamente com Madjer e Chalana, outras “glórias” do FC Porto e Benfica, respetivamente.

Em entrevista à Lusa, Cubillas revelou nunca ter esquecido o dia em que partiu, há 36 anos, depois de ter percorrido com classe os relvados portugueses, entre 1973 e 1976.

«Uma noite de despedida muito triste e inesquecível, com todos os meus colegas a discursar, individualmente, sobre mim», recordou o sul-americano.

Mais de três décadas depois, «após tanta vontade de regressar», o atual instrutor da FIFA, radicado nos Estados Unidos, afirmou estar «a viver um momento muito emocionante».

Um ano depois de ter sido considerado o melhor jogador sul-americano - em 1972, à frente de Pelé -, Cubillas transferiu-se dos suíços do Basileia para o FC Porto.

«Quando me falaram de Portugal, país com gente amorosa e carinhosa, disse aos diretores do Basileia que não jogaria lá nem mais um minuto», referiu o peruano, realçando «o dia inesquecível da minha chegada ao Porto, com as ruas cheias de gente».

Segundo os relatos de então, o FC Porto desembolsou 5.600 contos (cerca de 28 mil euros) para o contratar, tendo os sócios pago uma quota extra para reunir a verba necessária.

Em três épocas, o “número 10” fez 108 jogos e marcou 65 golos, mas faltou uma consagração, como o próprio admitiu.
«Era uma equipa extraordinária, mas faltou-me ganhar um título pelo FC Porto», sublinhou.

Justifica-o com o facto de, «no Sporting, jogar o Yazalde, que não se cansava de marcar golos, e o Benfica ter uma excelente equipa, com Eusébio, Torres, Simões, Humberto Coelho…».

No final da época 75/76, Cubillas foi confrontado com uma situação inconciliável: «Fui muito feliz nesses três anos, que poderiam ter sido mais, mas por exigência da Federação do meu país tive de sair».

«A seleção precisava de mim por seis meses e o FC Porto não podia dar-se ao luxo de não contar comigo esse tempo todo», explicou.

A federação peruana acabou por comprar o passe do jogador, que ficou ao seu serviço quase em exclusividade, para preparar o Campeonato do Mundo de 1978, disputado na Argentina.

Após ter chegado ao Porto no domingo, Cubillas revelou que, das suas primeiras iniciativas foi conversar com Eusébio: «Um homem extraordinário, que está a passar por um momento delicado de saúde e quis saber como se encontrava».

E não escondeu que acompanha, desde sempre, os passos do FC Porto que, de acordo com Cubillas, «com o decorrer do tempo, passou de patinho feio a grande equipa da Europa, por mérito próprio».

«O grande responsável por isso é o presidente Pinto da Costa, pessoa que já fazia parte da estrutura quando eu lá jogava», afirmou o peruano, que há anos que é consultor da FIFA e acompanha analiticamente o futebol nas Américas.

Sem grandes esperanças na qualificação do Peru para o Mundial2014, a disputar no Brasil, Cubillas admitiu apreciar, como adepto, a seleção portuguesa.

«Estou sempre à espera que consiga mais do que costuma conseguir, pois tem sempre belíssimos jogadores. Recordo-me das seleções com o Figo, e agora com o Ronaldo. Bem, o Ronaldo, como o Messi, há-de ser importante para a sua seleção», analisou o peruano.

Na sua opinião, «ambos têm sido bem mais importantes nos seus clubes - Real Madrid e Barcelona – do que nas equipas dos seus países», embora acredite que «ainda vão mudar isso».

Desafiado a escolher qual o melhor, Cubillas preferiu não escolher um, uma vez que «cada um tem as suas características e são ambos muito bons».