A Confederação das Associações e Juízes de Portugal (CAJAP) condenou hoje o ato de pirataria informática que resultou na usurpação e publicitação na internet dos dados pessoais dos árbitros de futebol das categorias profissionais.

Em comunicado, a CAJAP «repudia e condena de forma veemente os energúmenos que utilizam estas informações para injuriar, difamar e ameaçar os árbitros e as suas famílias», e expressa a sua solidariedade para com a sua filiada Associação Profissional dos Árbitros de Futebol (APAF), de cujo sistema informático foram extraídos os dados.

«Nada justifica os hediondos atos de que têm sido vítimas os árbitros e suas famílias, muito menos se percebe que estes atos criminosos encontrem justificação em eventuais erros cometidos no desempenho das suas funções desportivas», pode ler-se no documento.

Para a CAJAP, é urgente que todos os agentes do futebol «assumam as suas responsabilidades, e tenham plena consciência das consequências das duas palavras e dos seus atos», principalmente num momento em que é lançado o Plano Nacional de Ética no Desporto.

A confederação coloca-se ao lado dos seus associados, principalmente dos árbitros de primeira categoria nacional de futebol e suas famílias «na certeza de que, mau grado estarem momentaneamente impedidos de prosseguir as suas vidas de forma tranquila e sem recear pela sua vida e integridade física ou dos seus familiares, saberão continuar a dignificar a causa da arbitragem».

A 21 de março, o Diário de Notícias revelou que os dados de 25 árbitros estavam disponíveis na internet desde 17 de março e a APAF anunciou que o seu sistema informático tinha sido alvo de um ato de pirataria, apresentando uma queixa-crime na Polícia Judiciária, que abriu um inquérito.

A lista com dados pessoais dos árbitros, como números de telefone, moradas, nome de familiares, números de contribuinte e números de contas bancárias, foi retirada no próprio dia, mas ainda é possível encontrar cópias.

Na sequência da divulgação dos dados e após solicitação da Federação Portuguesa de Futebol, o Ministério da Administração Interna pôs em prática um plano com medidas especiais de segurança para os árbitros.

No domingo, o árbitro Bruno Paixão, um dos 25 cujos dados foram publicados, admitiu à Lusa que recebeu várias ameaças via correio eletrónico, adiantando que estas «vão ter tratamento adequado nos próximos tempos», mas garantiu que não alterou as suas rotinas.