O treinador do Vitória de Guimarães, Rui Vitória, disse hoje estar disponível para negociar a renovação do contrato com a nova direção, mas lembrou que no futebol «tudo muda num instante».
A nova direção vitoriana, eleita no sábado, já declarou publicamente que quer a continuidade de Rui Vitória, cujo contrato termina no final de junho, mas o treinador, apesar de se mostrar «recetivo» para se sentar à mesa e conversar, notou que «no futebol tudo pode mudar num instante».
«Todos gostamos que o nosso trabalho seja reconhecido e elogiado, mas no futebol as coisas têm que ser muito mais ponderadas, pensadas e objetivas e, desse ponto de vista, não houve connosco qualquer iniciativa de proximidade e de conversa, pelo que não podemos falar do que quer que seja», revelou durante a conferência de imprensa de antevisão da 25.ª jornada da Liga, sexta-feira, em Setúbal.
Rui Vitória frisou que treinar o Vitória de Guimarães «é ganhar uma grande paixão e ficar muito ligado ao clube, além de ser uma preparação para treinar em qualquer lado».
«Isto tem-me desgastado bastante, mas ainda não me sinto totalmente realizado neste clube. Contudo, temos que ser realistas, sentar-mo-nos à mesa e conversarmos, a parte emocional tem que ser posta de parte. Gosto de Guimarães, deste cenário que pode vir a ser agradável, mas na vida do futebol tudo pode acontecer. O treinador tem que ter ser sempre a mala pronta e a chave do carro na mão», disse.
Rui Vitória considerou ainda que os jogadores têm sido uns «heróis» no meio da crise em que o clube vive, com quase quatro meses de salários em atraso.
Sobre o embate com os sadinos, o técnico disse querer dar continuidade aos dois últimos resultados positivos (dois triunfos).
«Espero um jogo interessante, com as duas equipas a jogar bem, diante de um adversário muito experiente, que fez uma recuperação muito boa e está a salvo da descida. Com a entrada do José Mota, a equipa ganhou outra dinâmica e coesão, mas nós vamos fazer tudo para vencer», disse.
De resto, a semana de trabalho foi «mais do mesmo, o conjunto de problemas, nomeadamente os salários em atraso, não foram resolvidos», o que aumenta as «desilusões» em alguns elementos, lamentou.
O treinador quis «realçar que os jogadores, no meio deste contexto atribulado, têm sido uns heróis, assim como todo este departamento de futebol».
Rui Vitória lembrou que, nos últimos quatro anos, «esta é a pontuação mais elevada a esta jornada, o que é significativo num contexto tão adverso».
O treinador admitiu nunca ter imaginado que, «em clubes desta dimensão», o cenário de salários em atraso se prolongasse por tanto tempo, revelando que, desde o início, os pagamentos nunca foram feitos de «forma regular».
«Desde que entrámos, não pensámos que isto seria assim, mas também é uma aprendizagem para a equipa técnica e desde muito cedo que nos apercebemos que tínhamos que nos habituar», disse.
O Vitória de Guimarães é sexto classificado, com 39 pontos, enquanto o Vitória de Setúbal ocupa a nona posição, com 27, e as equipas defrontam-se sexta-feira, às 20h15, no Estádio do Bonfim, em Setúbal.