O Agrupamento de Escolas da Ericeira, Mafra, recusa haver qualquer infração disciplinar por incluir a expressão 'viva o Benfica' na cantilena infantil 'atirei o pau ao gato', que motivou a queixa de um pai ao Ministério da Educação.

Em carta enviada a 29 de março e a que a Lusa teve hoje acesso, o diretor do agrupamento, Alfredo Carvalho, informou o queixoso e o Ministério da Educação que, após investigação em que foram ouvidos vários pais das crianças do jardim-de-infância e a respetiva educadora, «não foram apurados factos suscetíveis de indícios de infração disciplinar».

O Ministério da Educação confirmou por escrito à Lusa que «a escola respondeu ao pedido de pronúncia por parte da Inspeção Geral da Educação e Ciência», entidade que se prepara para «em breve tomar uma decisão».

Na queixa enviada, a que a agência Lusa teve hoje acesso, Eduardo Mascarenhas, pai de uma menina de quatro anos, manifestou-se contra o facto de a educadora ter feito uma adaptação, ao ensinar as crianças a cantar «vai-te embora pulga maldita/batata frita/viva o Benfica» várias vezes ao dia.

O encarregado de educação, que se apresenta como um adepto não muito «ferrenho» do Futebol Clube do Porto, considera que se trata de uma «situação de lavagem e de indução ao comportamento» das crianças alimentada pela educadora e pelos responsáveis do agrupamento, todos benfiquistas.

«Compromete os valores fundamentais da escola, ou seja, o respeito pela diferença e pela individualidade, o fomento da pluralidade de gostos e o civismo», refere na queixa, lembrando que «a escola deve ser um espaço onde nem política, nem religião, nem clubismos desportivos devem ser alimentados».

Eduardo Mascarenhas disse à Lusa que a filha está em casa, sem ir ao jardim-de-infância, desde o dia 22 de março até que haja uma decisão definitiva do caso, admitindo mesmo transferir a filha de escola.

Do agrupamento, o pai da menina, que frequenta o jardim de infância de Santo Isidoro, diz que tem vindo a receber como resposta que a maioria das crianças é do clube: De um total de 13 crianças da sala, apenas duas não são benfiquistas.

O caso levou o Futebol clube do Porto a emitir um comunicado e a pedir a intervenção do Ministério da Educação.

No comunicado, o clube condenou «o proselitismo em escolas públicas», saudou «o civismo do pai» autor da queixa e criticou o género de cantilenas naquele jardim-de-infância público: «Em vez de ensinarem os valores da liberdade de escolha, ou de opinião, preferem ser uma espécie de 'ayatollahs' das suas próprias preferências».