Júlio Mendes, que hoje tomou posse como 24.º presidente do Vitória de Guimarães, afirmou que a situação do clube «é ainda pior» do que esperava e que vai ter que liquidar os salários em atraso dos futebolistas por fases.

«Tive esta semana uma equipa no clube a apurar com detalhe a situação financeira e é deveras preocupante, de muito difícil equilíbrio e sustentabilidade», começou por afirmar no final da cerimónia.

Júlio Mendes revelou que a situação da tesouraria do clube é um «drama», pior do que esperava, o que não lhe vai permitir cumprir a promessa eleitoral de liquidar os salários em atraso do plantel de futebol de uma só vez.

«Vamos ter que resolver outras questões importantes que interferem com o funcionamento da própria atividade do clube e isso vai condicionar a distribuição dos recursos», explicou.

«A solução poderá não ser tão rápida como as pessoas desejariam, mas vai resolver-se. Já falei com os jogadores e senti abertura por parte deles, mas claro que percebo que não fiquem satisfeitos por ter que haver um escalonamento, mas que será curto e razoável. Vou reunir novamente com eles quinta-feira para lhes explicar com mais detalhe a situação», disse.

Contudo, prometeu que, «logo no início da próxima semana» terá lugar a regularização de parte dos quatro meses de salários em atraso do plantel de futebol.

Mendes confirmou que «o passivo é de 22 milhões de euros» e que para o resolver vai avançar com a constituição da sociedade anónima desportiva (SAD).

«O problema é a curto prazo: até junho, temos que ter um encaixe de cerca de 4,5 milhões de euros, que virá de investimento privado e não da banca, porque isso seria adensar o endividamento e hipotecar o património», explicou Júlio Mendes.

O novo líder do clube vimaranense, que discursava na cerimónia da tomada de posse que ficou marcada também pela presença do presidente cessante, Emílio Macedo da Silva, ele que nem sequer votou no recente ato eleitoral, notou que «todos serão poucos para ultrapassar a situação dramática em que o clube está».

«A situação é ainda pior do que antecipáramos e se os sócios ficarem passivamente à espera que esta direção opere um milagre, o risco de pesadelo é real. Usando uma linguagem futebolística, estamos em período de descontos e estamos a perder», alertou.

Durante o discurso, Júlio Mendes, 48 anos, frisou que começa agora «uma nova era para o Vitória» e disse acreditar que o clube «pode reinventar-se e caminhar para um tempo novo, de boa gestão, de equilíbrio financeiro e ambição desportiva».

Anunciou um «novo ciclo no futebol, com uma forte aposta na formação», uma «reorganização das modalidades amadoras para autonomizar a sua condição financeira» e disse querer fazer "do ‘fair-play’ «uma das imagens de marca deste Vitória».

Além de Júlio Mendes, tomaram hoje posse no auditório nobre da Universidade do Minho, em Guimarães, Isidro Lobo como presidente da mesa da assembleia-geral, Eduardo Salgado Leite como presidente do Conselho Fiscal e Pedro Vilhena Roque como presidente do Conselho Jurisdicional.

Numa cerimónia para a qual o único clube que não foi convidado foi o vizinho Sporting de Braga, com o qual o Vitória está de relações cortadas, marcaram presença o presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, Mário Figueiredo, e o vice-presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Carlos Coutada.

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