O presidente do Sporting, Godinho Lopes, está em negociações com vários investidores internacionais, nomeadamente dos Estados Unidos e de Angola, e promete novidades em breve, após comunica-las à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

«O Sporting está a seguir uma estratégia de internacionalização e definiu os países onde deve fazer investimentos, países de onde vêm os investidores. Um desses países é Angola, e outro os Estados Unidos, onde assinámos uma parceria com a Associação de Futebol da Geórgia», revelou Godinho Lopes, em entrevista à Agência Lusa, prometendo anunciar futuros acordos noutros países «à medida que o Sporting os for assinando» e revelar à CMVM «quando se concretizar a entrada de um investidor» no capital social da SAD.

Admite, porém, «não ter» ainda «nenhum investidor já garantido», mas assegura «estar a trabalhar em vários países diferentes, nos quais tem mantido negociações», e que «existem investidores que reconhecem a mais-valia que o Sporting representa e que estão interessados» em investir na SAD.

Invocou o facto de o Sporting ser uma «marca fortíssima» na Europa, de ser «o único clube português que nunca falhou a presença numa prova europeia», ter uma Academia que trouxe para o futebol mundial «jogadores de classe reconhecida» e que é considerada, a par da do FC Barcelona e do Lyon, «uma das três melhores» do velho continente, para expressar o seu convencimento de que o clube «vai arranjar investidores».

Questionado sobre o motivo dessa confiança, quando o clube tem um desequilíbrio estrutural crónico, que se traduz em prejuízos anuais de dezenas de milhões e um passivo brutal, suficientes para afugentar qualquer investidor, Godinho Lopes rebateu, invocando as suas previsões sobre a evolução a médio prazo da situação financeira do Sporting.

«Vai haver um decréscimo dos custos, uma subida das receitas e um cruzar dessas linhas a partir de 2013/14, quando estas passam a ser superiores», repisou o presidente “leonino”, para justificar o seu otimismo. Há, porém, outro problema que não escamoteia.

É que, «apesar das receitas passaram a ser superiores às despesas», a partir de 2013/14, e de acordo com as previsões do presidente do clube de Alvalade, «há uma fatia importante para pagar, que é o custo financeiro da dívida».

De resto, é por isso que Godinho Lopes enfatiza a importância da «entrada de investidores com capital fresco», que «permitam diminuir essa dívida e os seus custos financeiros», transformando o Sporting num «clube solvente».

O presidente “leonino” garante que a ideia é «encontrar um investidor minoritário» e que se aparecer um maioritário terá de ser objeto da aprovação da Assembleia Geral, conforme compromisso assumido: não vê que seja um problema a probabilidade de um eventual investidor impor exigências ao nível do controlo da gestão da SAD.

«É natural que o investidor tenha o controlo financeiro, que é o que interessa, e que queira saber qual a evolução dos custos e das receitas», contrapôs Godinho Lopes, que está a contar que os investidores «contribuam para o abatimento do passivo”, o que permitirá ao Sporting “pagar menos juros».

Sobre o papel que restará aos sócios, face à entrada de novos investidores com poder de decisão, o líder dos “leões” alega que «só têm de ficar tranquilos» face ao aparecimento de alguém que «mete dinheiro no clube e garanta a sua sustentabilidade ao longo da vida”, resolvendo parte do passivo, ainda por cima «numa posição minoritária».

Por isso, faz um apelo aos sócios para que compareçam na Assembleia Geral do próximo dia 24, em que se pretende concretizar a fusão da Sporting Património e Marketing (SPM) e a SAD, e que «permitirá ao Sporting deter 98 por cento da Sociedade, onde está a equipa de futebol, e torná-la solvente e simultaneamente em conformidade com as regras do ‘fair-play’ da UEFA, para poder continuar a competir nas provas europeias».

Para alcançar esse objetivo, garante que o Sporting, que tem «um balanço negativo», «não vai aumentar a dívida», que ascende a 220 milhões de euros, visto que haverá «uma transferência da dívida da SPM, que é detida a 100 por cento pelo Sporting».