O presidente da Associação Nacional de Treinadores de Futebol (ANTF), Francisco Silveira Ramos, revelou hoje a sua preocupação com a ausência de cursos de formação para técnicos, em Portugal.

«A nova legislação foi muito difícil de aplicar. Nós temos várias discordâncias, temos vindo a negociar com as entidades com o Estado e a federação, há muito trabalho feito, estamos a tentar contribuir para a resolução desses problemas, que nos preocupam», afirmou Silveira Ramos, em declarações à agência Lusa.

O responsável lamentou a «suspensão da formação», por considerar que «esse espaço de reflexão, debate e aprendizagem tem sido muito importante para os treinadores portugueses».

«É uma coisa que nos preocupa, mas acreditamos que, em tempo útil, vai ser retomada, porque as entidades envolvidas estão muito interessadas nisso, mas é, de facto, uma matéria que nos preocupa», explicou.

Segundo Silveira Ramos, atualmente «não é previsível» saber quando será retomado o processo, uma vez que «há muitas entidades envolvidas, nacionais e internacionais, e a conciliação de todas as posições é difícil».

«Assumimos convenções com a UEFA e essa é uma das matérias de dificuldade, porque a legislação portuguesa tem várias dificuldades de encaixe naquilo que está convencionado com a UEFA e daí também esta dificuldade de ultrapassar os problemas», frisou.

Este impasse na formação de treinadores, nomeadamente nos cursos para técnicos das competições profissionais, ou seja nos cursos habitualmente designados de terceiro e quarto nível, ocorre numa altura em que vários técnicos lusos se destacam, como é o caso de José Mourinho, que comanda o Real Madrid, líder isolado da Liga espanhola.

«[A classe] está numa fase muito boa, fruto do trabalho dos colegas e de medidas tomadas na promoção da competência dos treinadores. Fomos o primeiro país da Europa a exigir quatro níveis de formação aos seus treinadores, fizemos o nosso caminho e o mérito é de cada um, no seu dia-a-dia», referiu.

Silveira Ramos assumiu que a ANTF fica «muito satisfeita» quando há resultados positivos para técnicos portugueses, mas condenou as 13 trocas de treinadores de clubes na Liga portuguesa.

«Temos alguma pena de que este ano tenha existido um elevado número de mudanças, pensamos que refletem um pouco a instabilidade que há no país, nas finanças do país e nas finanças dos clubes», concluiu.