O diretor geral do Benfica, António Carraça, afirmou esta quinta-feira, em entrevista à TV do clube, que a equipa de futebol estará em condições de lutar pela conquista da Liga dos Campeões num curto espaço de tempo.

«Se o Benfica prosseguir neste caminho, com a mesma filosofia e o mesmo projeto de reforço da sua imagem nacional e internacional, poderá competir pela conquista da Liga dos Campeões num curto espaço de tempo», disse António Carraça, mesmo considerando «os orçamentos díspares entre o Benfica e os ‘monstros’ de Espanha, Itália e Inglaterra».

De resto, o diretor geral «não tem dúvidas» de que o Benfica seria «um dos grandes candidatos à vitória na Liga dos Campeões desta época caso não tivesse vendido os passes de David Luiz, Ramires e Di Maria».

Fazendo um balanço sobre a carreira do Benfica na época 2011/12, Carraça reconheceu que «falharam» e «a insatisfação» de toda a estrutura com «os resultados desportivos globais alcançado».

«Tínhamos o dever e a obrigação de atingir os objetivos que definimos esta época», disse António Carraça, que vai apresentar em breve «um relatório completo sobre o que se fez de bem e menos bem esta época no futebol do clube».

Assumindo o falhanço, o dirigente encarnado iliba o presidente Luís Filipe Vieira, que «deu todo o apoio e todas as condições para que a equipa tivesse sucesso».

«Deu-nos os melhores jogadores, o melhor treinador, criou a melhor estrutura, pagou os vencimentos e prémios a tempo e horas, enfim, tivemos condições únicas e fantásticas para desenvolver o nosso trabalho e ter sucesso», disse.

Para António Carraça, houve cinco objetivos traçados para esta época, «ganhar o campeonato, a Taça de Portugal, a Taça da Liga, atingir os quartos de final da Liga dos Campeões e potenciar jogadores de modo a que garantam mais valias à SAD», reconhecendo, todavia, que a conquista do campeonato «era a meta número um».

Desses cinco objetivos, lembrou que o Benfica cumpriu os três últimos, sendo que num deles, a Liga dos Campeões, restou um «amargo de boca» pelo facto de a equipa «ter merecido qualificar-se para as meias finais», o que não sucedeu «por fatores externos ao jogo».

Carraça contesta de forma veemente as acusações de falta de apoio ao treinador Jorge Jesus, as quais «não fazem sentido» e apenas se justificam porque a comunicação social «necessita de polémicas, conflitos, guerrilhas, para vender jornais e revistas e abrir telejornais».

«Não queremos ganhar a qualquer preço, mas de forma limpa. Não queremos ser campeões com batota, com ilegalidades, corrompendo, pressionando», disse António Carraça.

O diretor geral do Benfica considera que o jogo com a Académica foi «o momento determinante e decisivo» para que, internamente, «se começasse a ter receio e dúvidas sobre as arbitragens», recordando o lance em que Pablo Aimar, «atropelado por um jogador da Académica, viu um cartão amarelo e ser-lhe marcada uma falta atacante».

Para António Carraça, a partir de certa altura da época, os árbitros passaram a ter «critérios distintos para situações idênticas», nomeadamente a nível de grandes penalidades e foras de jogo, em prejuízo do Benfica, comparativamente aos jogos dos rivais, pedindo para os árbitros reconhecerem os seus erros.

Aponta o exemplo do último Sporting-Benfica, quando, num dos primeiros lances da partida, o argentino Gaitán sofreu falta clara para grande penalidade, que o árbitro Artur Soares Dias não sancionou em conformidade.

Nesse momento, António Carraça abeirou-se do árbitro de forma «calma e pacífica» para lhe chamar a atenção para o penálti que «ficou por marcar» contra o Sporting.

«O árbitro virou-se para mim e disse-me: mesmo que tenha havido falta, foi fora da área», contou o dirigente encarnado, que assumiu «ter ficado logo preocupado», uma vez que «toda a gente viu que o lance tinha ocorrido dentro da área».

Carraça quer uma discussão «clara e inequívoca» com a FPF, a Liga, a APAF e Comissão de Arbitragem sobre «o que se passou esta época», esperando que aquelas entidades «assumam as suas responsabilidades» e garantindo que o clube assumirá as suas.

«O presidente do Conselho de Arbitragem [Vítor Pereira] terá de explicar os erros repetitivos dos árbitros», referiu António Carraça.

O dirigente encarnado abordou, ainda, o lance polémico que ditou a expulsão de Pablo Aimar em Olhão, ironizando que o argentino é o jogador «mais violento, maldoso e incorreto das Ligas profissionais» e que «por isso é que foi sancionado com dois jogos de suspensão».