O ex-treinador do Sporting Domingos Paciência considerou hoje que a Liga de futebol 2011/2012 «fica na memória pela negativa», pelos erros de arbitragem, boicote dos juízes aos jogos dos "leões" e pelo caso União de Leiria.

«O campeonato começou com muitos erros. Estou a lembrar-me dos jogos do Benfica e do FC Porto em Guimarães, do Sporting com o Olhanense... Depois houve a questão do boicote [dos árbitros aos jogos do Sporting] e, como se não bastasse, esta situação do Leiria na parte final. É um campeonato que fica na memória pela negativa», disse Domingos na Marinha Grande, onde participou num seminário da Associação Nacional de Treinadores de Futebol.

Apesar disso, o técnico considera o FC Porto «um justo campeão», porque, «de entre as adversidades, teve de haver um campeão, e esse campeão foi o que conseguiu ser mais forte. O mais forte foi o FC Porto».

«Felizmente, vejo que a maior parte das pessoas não ficaram convencidas. Isso é sinal de que estamos habituados a que o campeão tenha mais qualidade e isso este ano se calhar não foi tão patente», considerou o ex-técnico dos "leões", que deixou implícitas críticas ao técnico do Benfica, Jorge Jesus.

«Há que dar os parabéns e enaltecer todo o trabalho feito pela estrutura, aos jogadores e à equipa técnica do FC Porto. Entristece-me ver determinados colegas de profissão não conseguirem responder a algumas perguntas, de forma a classificar o trabalho feito por outro colega, no caso Vítor Pereira, que não deixa de fazer um bom trabalho e de ser campeão», disse.

Na Marinha Grande, Domingos Paciência falou ainda do caso União de Leiria, considerando que «o futebol português saiu denegrido».

«Mais dia menos dia podia acontecer. Não podemos fazer do futebol português um futebol de praia, em que os jogadores se encontram ao domingo de manhã e, se há sete, são sete que vão jogar. Isto mexe com o aspeto financeiro dos clubes, com objetivos como o apuramento para a Liga dos Campeões», lamentou.

O técnico criticou ainda o provável alargamento da Liga, considerando que, «da forma como está a situação financeira em vários clubes, pensar em alargamento é juntar mais pobreza. O alargamento tem algumas vantagens, como mais postos de trabalho para jogadores e treinadores. Mas, se não houver dinheiro, não adianta trabalhar...».

Atualmente sem clube, Domingos Paciência revelou ter recebido, nos últimos tempos, «várias propostas», algumas delas «tentadoras».

«Quero voltar a trabalhar, se possível num projeto que seja ambicioso e que me permita trabalhar com jogadores e estruturas de qualidade. Olympiacos? Foi uma das equipas que apareceu, houve contactos, mas não há nada de concreto», disse Domingos Paciência, que recusou fazer qualquer comentário à prestação da sua anterior equipa, o Sporting.