O presidente da Associação de Futebol de Lisboa (AFL), Nuno Lobo, juntou Benfica e Sporting à mesma mesa porque quer que Lisboa tenha uma só voz e seja uma muralha na defesa dos seus clubes e da verdade desportiva.

«Estarei muito atento à verdade desportiva, serei uma voz incómoda e intransigente na defesa dos clubes de Lisboa e não vou permitir mais que sejam prejudicados como o têm sido nos últimos anos», disse Nuno Lobo à agência Lusa, quando questionado sobre se concordava com a ideia de que o FC Porto tem beneficiado das más relações entre o Benfica e o Sporting.

A promessa de defesa da verdade desportiva decorre, segundo Nuno Lobo, dos «erros consecutivos que têm prejudicado» os clubes lisboetas, quer «a nível de arbitragem» quer a nível de «tudo aquilo que contribuiu» para o afastamento de Lisboa da liderança, como «deixar de ter uma voz atuante nos fóruns do futebol, como as assembleias gerais da Liga e da FPF [Federação Portuguesa de Futebol]».

O responsável pela AFL não quis, no entanto, opinar sobre o trajeto e as condições em que o FC Porto alcançou as suas vitórias, pelo facto de se tratar de um clube alheio à instituição a que preside.

Nuno Lobo juntou no início do mês Benfica e Sporting, que se fizeram representar pelos administradores das respetivas SAD, Rui Gomes da Silva e Luís Duque, à mesma mesa, num hotel da capital, encontro esse que suscitou várias especulações sobre o objetivo da iniciativa, tendo em conta as más relações atuais entre os dois grandes de Lisboa.

Instado a explicar o que o moveu nessa iniciativa, Nuno Lobo deu conta da pretensão de «promover o diálogo e as sinergias comuns» entre todos os clubes da capital, sendo certo que, «estando Benfica e Sporting do mesmo lado», partilhando a mesma visão, «tudo será mais fácil para que Lisboa volte a triunfar no futebol nacional».

«Acredito, acima de tudo, no diálogo. Se houver, estamos muito perto da pacificação. E quero dizer que há muito mais coisas que unem o Benfica e o Sporting do que os desune. Conto com os dois grandes para que Lisboa fale a uma só voz e seja a muralha do futebol nacional», disse.

Para o presidente da AFL, «se calhar, houve palavras não compreendidas» entre o Benfica e o Sporting e outros clubes de Lisboa, suscetíveis de gerar conflitos, e tudo seria mais fácil «se houvesse uma mediação, como está a haver agora, e alguém que ouça os clubes, que procure fazer pontes e criar sinergias para o futuro».

Houve três motivos, segundo Nuno Lobo, para juntar os representantes das SAD de Benfica, Sporting e Estoril, na pessoa do seu presidente, Tiago Ribeiro: «O primeiro foi encetar o diálogo para a defesa dos interesses comuns, o segundo a manifestação da minha disponibilidade para ser o líder atuante e o interlocutor dos clubes de Lisboa a nível nacional e o terceiro o desafio que lancei aos clubes da I Liga, que estenderei aos da II, para que já no próximo ano se volte a realizar a Taça de Honra de Lisboa».

Nuno Lobo explicou, ainda, que escolha dos nomes de Rui Gomes da Silva e Luís Duque foi da responsabilidade das respetivas SAD, depois do convite que ele próprio endereçou a ambas no sentido de se fazerem representar no referido encontro.