Augusto Inácio, ex-futebolista de Sporting e FC Porto, considera que os “leões” podem ser goleados no Dragão, ma I Liga de futebol, caso repitam o sistema dos últimos encontros, com Gil Vicente e Estoril-Praia.

«Ou é muito atrevido e discute o resultado, mas para isso teria de ter o sistema alternativo consolidado, que não é o caso, ou é goleado. Com os níveis de confiança com que a equipa está, corre o risco de ser goleada», alerta Augusto Inácio, que acredita mais na hipótese do treinador do Sporting voltar ao 4x3x3 do início da época.

Em declarações à agência Lusa, Augusto Inácio não teve dúvidas em atribuir favoritismo ao FC Porto, visto que o Sporting está «em fase de consolidação de novos processos», o que só se consegue «com muitos treinos e jogos para criar rotinas» e não «mudando de sistema».

«Sá Pinto percebeu que o 4x3x3 não estava a resultar, quer a nível exibicional quer de resultados, e mudou para um 4x4x2 ou 4x1x3x2, mais ousado, e foi o que se viu com o Gil Vicente, que não tem jogadores com características de contra-ataque. Se ainda tivesse o Hugo Vieira, o Gil nunca teria perdido em Alvalade», afirmou.

Inácio lembrou que «Sá Pinto repetiu o sistema com o Estoril, que tem outro tipo de jogadores, como o Luís Leal, e jogando em contra-ataque, só permitiu o empate já perto do final, com menos um jogador durante quase toda a segunda parte».

O antigo treinador do Sporting considera que o Sporting está numa fase em que «anda a tatear», quando tem um plantel que, «analisando nome por nome, é muito superior ao da época passada», mas que «não o é do ponto de vista coletivo».

Numa análise ao FC Porto pós-Hulk, Inácio considera que a equipa portista tem o seu ADN, que assenta num 4x3x3, que não é alterado em função da saída de um jogador.

«Claro que o FC Porto é agora menos ofensivo, menos perigoso, perdendo alguma coisa sem Hulk, mas taticamente, se calhar ganha alguma coisa, pois o Varela e o Atsu são jogadores que correm atrás dos laterais e vêm defender. Hulk não é esse tipo de jogador. Diria que o FC Porto perde nalgumas coisas, mas ganha noutras», observou Inácio, para quem o campeão nacional «funciona como equipa» e só quando «isso não acontecia» é que Hulk emergia.

O treinador lembrou que o brasileiro «fazia todas as posições na frente de ataque», o que o tornava «um jogador multifacetado», e que era justamente quando as coisas «não saíam bem à equipa por culpa própria ou por mérito do adversário» que havia «uma individualidade que fazia a diferença».

Numa previsão sobre o “clássico”, Inácio considera que tudo vai depender «da forma como o Sporting entrar e de quem marcar o primeiro golo», fator que se pode revelar decisivo no desfecho da partida.

«Se for o FC Porto a marcar primeiro, o Sporting corre o risco de perder por um resultado mais volumoso. Se for ao contrário, o Sporting pode tirar vantagem e, explorando o contra-ataque, surpreender mais vezes o FC Porto», referiu Inácio, que prevê um jogo «muito tático, dinâmico e com muita marcação».

Inácio considerou que Sá Pinto «anda revoltado e sabe que pode fazer muito melhor» que quando «veio dizer que o Sporting estava forte, era um recado interno, para os jogadores, no sentido de passar a mensagem de que os defendia e que estes tinham de retribuir dando o sangue por ele».

«Será que Carrilo é o que dizem que é, será que Capel é aquele jogador que arrasta a equipa para a frente como se diz, ou será que não é tanto assim. O Carrilo joga 90 minutos na mesma dinâmica? Não joga! Joga 10, desaparece 20, reaparece mais cinco, quando no Sporting os jogadores têm de ser consistentes», observou.

Para Inácio, a grande precipitação da atual direção do Sporting foi o despedimento de Domingos Paciência, apesar de não ter começado bem o campeonato, «o que é normal com tantos jogadores novos».

«Mas quando se aposta num projeto cuja bandeira é a aquisição de um treinador que fez um trabalho brilhante na Académica, na União de Leiria e no Sporting de Braga e que é despedido por causa de alguns resultados menos bons ao fim de três ou quatro meses, então não se pode falar de um projeto para três anos, mas sim de uma ideia do tipo vamos lá ver se este é o homem que nos vai levar às vitórias», afirmou.