O árbitro internacional de futebol Artur Soares Dias disse este sábado à agência Lusa que para a carreira de um árbitro ser bem-sucedida é necessário conciliar a profissão, a arbitragem e a família.

«Sempre consegui bem exercer uma função tão exigente como a direção de recursos humanos, a arbitragem e a família. Se conseguirmos não esquecer estas três áreas e conseguirmos bem gerir - independentemente do estado do país, que não poderá servir de desculpa para qualquer questão - o nosso tempo, as nossas prioridades e a nossa estratégia, acho que conseguiremos ser bem-sucedidos», disse o árbitro da Associação de Futebol do Porto, em Mira, à margem do XI Encontro Nacional do Árbitro Jovem.

O árbitro da Associação de Futebol do Porto iniciou um painel precisamente sobre a conciliação dos afazeres dos jovens árbitros com a vida diária e estudantil, questionando a plateia de 96 jovens, entre os quais 15 raparigas, sobre o porquê de quererem ser árbitros.

As respostas variaram entre a paixão, o aspeto financeiro ou a influência familiar, mas também a caça, afirmou Bernardo Fonseca, jovem árbitro da Associação de Futebol de Santarém.

Perante a resposta, Soares Dias ainda replicou, em tom de brincadeira, que o árbitro não é caçador mas sim a presa. E o jovem insistiu em explicar-se: «Vim para árbitro para receber algum dinheiro para a caça. Mas, felizmente ando a trocar os dias de caça pelos jogos [de futebol]».

Nas declarações à Lusa, Artur Soares Dias, de 33 anos, lembrou ainda o início da sua carreira, aos 17 - é internacional há três e chegou à I Liga de futebol aos 24 - e uma entrevista que deu na qual profetizava que a arbitragem poderia tornar-se profissional em Portugal, «talvez a meio» da sua carreira, que se conclui aos 45 anos, o que ainda não aconteceu.

«O que é certo que já vou a meio da minha carreira, um bocadinho mais, começa-se a ouvir cada vez mais a profissionalização da arbitragem, estou em crer que está para breve», frisou.

Já os mais jovens, em início de carreira, não conseguirão sobreviver apenas com a função de árbitro.

«Isso é a realidade do nosso país, não só nesta função que não é profissão, mas de qualquer uma das profissões que existem no nosso país nos dias de hoje. A remuneração, numa fase inicial, não é assim tanto quanto o desejaríamos no início da nossa carreira», reconheceu Artur Soares Dias.

Promovido pela APAF, o XI Encontro Nacional do Árbitro Jovem termina no domingo, em Mira.