O secretário de Estado da Juventude e Desporto, Alexandre Mestre, revelou hoje que o Governo português vai cooperar com a China na área do Desporto, em particular do futebol, modalidade que suscita grande interesse das autoridades chinesas.

«As autoridades chinesas mostraram-se particularmente interessadas do fenómeno do futebol, onde sentem que têm de evoluir, e vieram discutir formas de cooperação e até que ponto o Governo português pode intermediar nesse âmbito», disse Alexandre Mestre à Agência Lusa, após receber em audiência uma delegação chefiada pelo vice-presidente do Comité Olímpico chinês, Xiao Tian, que integrou alguns elementos representativos das autoridades estatais chinesas, nomeadamente da Embaixada daquele país em Portugal.

Na reunião, o secretário de Estado português fez saber que o país dispõe de «grandes técnicos ao nível das várias metodologias de treino, de boas infraestruturas para acolher atletas chineses» e de várias valências que os recursos humanos «podem proporcionar na área da psicologia e da medicina do desporto», dando ainda conta dos intercâmbios promovidos no futebol «a nível da formação, da gestão de recursos humanos e do doping».

A nível das infraestruturas, Alexandre Mestre realçou perante os membros da delegação chinesa «o conjunto de equipamentos e instalações de qualidade existentes, desde a base ao alto rendimento» que podem ser disponibilizados aos atletas daquele país.

«Outra questão para a qual os sensibilizei foi para o nosso plano de ética do desporto, tendo o vice presidente do Comité Olímpico chinês revelado enorme interesse, acabando por se tornar no tema mais debatido», contou Alexandre Mestre, para quem esta cooperação pressupõe «um canal diplomático e um protocolo que possa ser gizado com a China, envolvendo atividades com o Comité Olímpico chinês».

Nesse sentido, o Governo português deu o primeiro passo disponibilizando-se para o envio de uma delegação à China em 2013 no sentido de se formalizar em termos mais concretos uma coordenação futura, que inclui «o aproveitamento de sinergias que existem em Macau».

Alexandre Mestre aproveitou a ocasião para transmitir às autoridades chinesas que, além «de grandes treinadores e futebolistas», Portugal possui um conjunto de técnicos «muito qualificados nas áreas da biomecânica, da fisiologia de esforço, da medicina, de grandes olheiros na prospecção de talentos».

Fez, também, saber «o bom trabalho desenvolvido a nível da novas tecnologias», área onde a China «possui infraestruturas, mas não um “know-how” tão qualificado do ponto de vista dos utilizadores no âmbito do futebol», área pela qual as autoridades chinesas «mostraram grande interesse numa futura cooperação».

O governante português justificou o grande interesses dos chineses pelo futebol com «a percepção que têm de que, ao longo dos anos, sobretudo depois dos Jogos de Pequim, chegaram ao planalto em relação à maior parte das modalidades».

«São muito ecléticos, mas têm a noção de que existe um fosso no futebol que querem colmatar e penso que conhecem bem os ‘rankings’ da UEFA e da FIFA e que devem considerar Portugal como um país chave», disse Alexandre Mestre, mostrando-se, também, disponível para intermediar um relacionamento profícuo entre a FPF e as autoridades chinesas.