O Conselho Fiscal do Vitória de Guimarães considera que a anterior direção, presidida por Emílio Macedo da Silva, é a responsável pela «gravíssima situação financeira» atual do clube e quer que os seus elementos sejam penalizados por isso.

«Após uma análise custo/benefício às consequências de uma não aprovação do Relatório e Contas, e mesmo discordando da gestão realizada», o Conselho Fiscal (CF) deu parecer favorável ao documento de 2011/12, que apresenta um resultado líquido negativo de oito milhões de euros e coloca o passivo nos 24 milhões, números que vão a votos a 17 de novembro, em assembleia geral dos sócios vitorianos.

Para aquele órgão, o Relatório e Contas «é profundamente oneroso para o futuro do clube e integra um conjunto de factos e decisões protagonizadas pela direção de Emílio Macedo que necessitam de esclarecimentos e clarificações». 

O CF diz não perceber «como foi possível comprar passes de jogadores e assumir determinados valores salariais tendo em conta os clubes de origem e a valia desportiva de alguns jogadores», tendo destacado o exemplo de Molina.

O médio argentino, que não chegou a estrear-se no campeonato, fez um contrato «com a duração de 54 meses, que onerou o clube com um custo total bruto de 1,1 milhões de euros, realizado já num contexto de salários em atraso e dívidas fiscais por liquidar».

O CF estranha ainda «o porquê das pesadas comissões de intermediação pagas a empresários, a existência de fornecedores privilegiados, aos quais os pagamentos estavam integralmente em dia, estando o Vitória numa situação de incumprimento generalizado aos demais (incluindo banca e estado) e num período de apresentação do PEC [Plano Extrajudicial de Conciliação]». 

O mesmo órgão vitoriano diz ainda não entender «como foram emitidos cheques sem provisão a certos credores, originando a inibição do clube pelo Banco de Portugal». 

Por tudo isso, o conselho presidido por Eduardo Salgado Leite manifestou «um voto de censura aos atos de gestão protagonizados pela direção anterior» que, na sua opinião, «conduziram à gravíssima situação financeira em que o Vitória se encontra».

Recomenda ainda à atual direção liderada por Júlio Mendes «que diligencie no sentido de, por todas as vias, seja judicial e/ou extrajudicialmente, com auditoria internas e/ou externas, civil e/ou criminalmente, se apurarem as causas e os responsáveis da atual situação do clube, exigindo-se a sua responsabilização, penalização e a reparação, na medida do possível, dos danos causados».