O antigo presidente do Benfica, João Vale e Azevedo, negociou a extradição para Portugal com as autoridades judiciais britânicas e portuguesas, disse hoje a sua advogada, Luísa Cruz.
«Vale e Azevedo falou com os seus advogados britânicos, que avançaram com a opção de entrega e negociaram. Depois, ele ponderou com a família no domingo», afirmou a mandatária, à entrada para o Tribunal Criminal de Lisboa, antes da terceira sessão do julgamento em que é acusado de peculato de quatro milhões de euros do Benfica.
Luísa Cruz negou que o advogado, retido em Londres desde julho de 2008, tenha sido detido pelas autoridades britânicas e confirmou que Vale e Azevedo já tinha esgotado todas as hipóteses de recurso no processo de extradição para Portugal.
«Podia fazer mais exigências legais, mas isso seria um beco sem saída. Ele já está a ficar farto e tem necessidade de resolver isto», afirmou.
A representante de Vale e Azevedo, que ainda não interpôs o pedido de liberdade condicional, alegando que este já cumpriu cinco sextos da pena em cúmulo jurídico, disse que só hoje, de manhã, esteve com o seu cliente, que chegou a Lisboa ao final da tarde de segunda-feira e pernoitou no Estabelecimento Prisional de Lisboa.
«Ele diz que está cansado», revelou Luísa Cruz, referindo que o Estabelecimento Prisional de Lisboa foi «apanhado de surpresa» e que disponibilizou «uma cela muito bera», onde «nem sequer há casa de banho».
Salientando que os Serviços Prisionais «estão a diligenciar no sentido de lhe darem uma cela melhor ou de o transferirem», Luísa Cruz sublinhou que Vale e Azevedo queria estar presente na sessão de hoje da 3.ª Vara Criminal, em que são testemunhas António Sala e José Capristano, que integravam a direção do antigo presidente.
«Era muito apertado ele vir. Os serviços prisionais ainda ligaram para a 3.ª Vara, mas é necessário um documento e não houve tempo para o obter», disse a causídica.
Vale e Azevedo, que tinha um julgamento em Londres na quarta-feira, relacionado com a sua insolvência, entregou-se na segunda-feira de manhã, após quatro anos e meio no regime de permanência de residência em Londres, com passaporte retido e proibição de sair do Reino Unido.
O cúmulo jurídico foi estabelecido a 25 de maio de 2009 no âmbito dos processos Ovchinnikov/Euroárea (seis anos de prisão em cúmulo), Dantas da Cunha (sete anos e seis meses) e Ribafria (cinco anos).