O ex-dirigente do Beira Mar Mano Nunes, arguido no âmbito do processo do «negócio das piscinas», começou hoje a ser ouvido no Juízo de Instrução Criminal (JIC) de Aveiro, num interrogatório que ainda não terminou, disse fonte judicial.

Depois de ser apresentado ao procurador do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Aveiro, Mano Nunes passou a ser ouvido pela juíza de instrução.

O ex-dirigente do Beira-Mar deixou o JIC, acompanhado da sua advogada, pouco mais de uma hora depois de ter iniciado o interrogatório, sem prestar declarações aos jornalistas, que estavam no local.

Mano Nunes mantém-se com a medida de coação de Termo de Identidade e Residência (TIR), que tinha sido decretada quando foi constituído arguido por suspeita de um crime de burla qualificada.

O ex-dirigente é suspeito de se ter «apropriado ilicitamente de cerca de um milhão de euros», mediante «artifício fraudulento», na sequência da celebração do contrato de aquisição de compra e venda do terreno.

Em causa está a venda dos terrenos das piscinas do Beira-Mar, envolvendo a autarquia, detentora do terreno, e o clube desportivo.

A transação, concretizada em julho de 2009, suscitou acesa polémica no meio político aveirense, pelo facto de a autarquia ter vendido o terreno por 1,2 milhões de euros ao Beira-Mar, que o revendeu pelo dobro, no mesmo dia, a uma empresa imobiliária.

Na quinta-feira à noite, Mano Nunes admitiu, na sua página na rede social Facebook, ter sido constituído arguido e manifestou a sua total disponibilidade para prestar todos os esclarecimentos à justiça.

«Estou de consciência tranquila, pois, como todos os que me conhecem sabem, não beneficiei absolutamente nada com esse negócio, o qual só se realizou porque era indispensável para a sobrevivência imediata do Beira-Mar. Ainda hoje estou a pagar à banca, do meu bolso, uma dívida do clube desse tempo», refere Mano Nunes.

O antigo dirigente termina dizendo que, a partir de agora, não poderá tecer mais comentários publicamente, mas não permitirá que ponham em causa o seu bom nome, por causa deste assunto.

No mês passado, durante a assembleia municipal, o presidente da Câmara de Aveiro, Élio Maia (PSD/CDS-PP), reafirmou que o negócio decorreu com «toda a legalidade», e não foi lesivo para o interesse público.

O autarca revelou ainda que o clube apenas liquidou 200 mil euros do negócio, já através do atual presidente, António Regala, adiantando que o município avançou com uma ação cível para reclamar o restante, que começará a ser julgada em janeiro no Tribunal de Aveiro.