O antigo vice-presidente do Sporting Paulo Pereira Cristóvão disse esta terça-feira, em declarações à agência Lusa, que «deveria ser feita uma assembleia» para saber se Eduardo Barroso tem condições para continuar a ser presidente da mesa da AG.

«O doutor Eduardo Barroso tem um lugar que é o equivalente ao Presidente da República na constituição portuguesa, é o garante da legalidade, é o garante das instituições e da estabilidade e, não me venha com a conversa de que é na versão comentador porque é sempre a mesma pessoa, não pode ser ele a pessoa que mais destabiliza», afirmou Paulo Pereira Cristóvão.

O antigo dirigente leonino justificou a «interrupção no silêncio», por «achar demasiado grave o presidente de uma Assembleia-Geral (AG) ser o pior dos ‘enfant terribles’ que o clube tem».

«Neste momento, o clube precisa de alguma paz. Os problemas do clube são dois: a bola não entra e o problema financeiro. Eu pergunto se o doutor Eduardo Barroso acha que está a contribuir para que a bola entre na baliza ou para resolver os problemas financeiros», questionou.

Paulo Pereira Cristóvão assegurou que o presidente da AG do Sporting «não pode invocar desconhecimento, nem dizer-se chocado», porque foi sempre «excessivamente informado, quando não tinha de o ser».

«É bom que o doutor Eduardo Barroso pense nas consequências dos seus atos e das suas declarações. Porque a bola não entrar não se resolve com declarações bombásticas, nem com estados de alma mais ou menos exacerbados, e eu, que sempre primei pelos superiores interesses do Sporting, não poderia ficar calado quanto a isso», sublinhou.

O ex-dirigente, que pediu a demissão da vice-presidência leonina a 12 de junho, considerou de «inqualificável» a posição assumida por Eduardo Barroso no espaço de debate no canal televisivo TVI24, na qual revelou a sua vontade de convocar uma AG para discutir permanência da direção de Luiz Godinho Lopes.

«Um presidente de uma AG, que anda em programas de televisão, onde ganha mais de cinco mil euros, a anunciar decisões institucionais da vida interna de um clube trata-se de algo que eu reputo de absolutamente inqualificável», frisou.

Cristóvão incitou Eduardo Barroso a responsabilizar-se pelas despesas decorrentes da AG que «tem como objetivo a demissão da direção», calculando-as entre 50 e 60 mil euros, e «formalmente se responsabilizasse pelos ordenados dos funcionários e dos jogadores caso a direção caia e se tenham de marcar novas eleições».

O ex-vice-presidente lamentou que a Mesa da reunião magna ainda «não tenha tido tempo para regulamentar um simples sistema de voto eletrónico», incitando ainda o presidente da AG a explicar os motivos porque é que «o Sporting tinha um ativo chamado Luís Aguiar, que não pôde ficar a viver no mesmo país onde o doutor Eduardo Barroso vivia».

«Nestas questões dos sportinguismos é bom que cada um meta a mão na consciência, mas, acima de tudo, pense nas consequências das suas decisões», rematou.