O antigo técnico do Sporting Ricardo Sá Pinto defendeu esta quarta-feira que um treinador de futebol «nunca é líder sozinho» e tem que ser sempre «suportado» pela direção do seu clube.

Numa intervenção realizada no I Fórum Nacional do Desporto, que decorreu num hotel de Lisboa, e sem nunca mencionar a sua passagem pelo clube de Alvalade, o ex-avançado explicou que um treinador nunca consegue sozinho alcançar os objetivos de um clube.

«A figura do treinador tem de ser sempre bem suportada. Sozinho é impossível que possa dominar todas as situações. É importante que uma direção dê apoio e também lidere. Um treinador nunca é um líder sozinho», defendeu Ricardo Sá Pinto.

No debate "Liderança Desportiva", o antigo internacional português, afastado do Sporting em outubro do ano passado, classificou-se como um «treinador democrático».

«Ser treinador é uma paixão que adquiri há bem pouco tempo, mas também a construí. O meu tipo de liderança é de equipa, mais democrático. Isso não quer dizer que há vezes não tenha que puxar dos galões», explicou.

Autointitulando-se como um «apaixonado do futebol», Ricardo Sá Pinto recordou o final da sua carreira de jogador e a sua transição para outras funções no desporto.

«A paixão faz muita coisa acontecer. Quem tem a paixão pelo jogo como eu, não consegue estar longe do jogo. Mas são poucas as ocupações que existem», lamentou o também ex-futebolista leonino.

Nesse sentido, Sá Pinto contou a sua experiência quando «pendurou as botas» e como tomou a decisão de apostar na sua carreira académica, para um dia regressar ao seu desporto de eleição.

«Não é um processo fácil, existe pouco apoio para a transição de uma carreira de futebol para o pós-carreira de futebol. Temos vários casos de pessoas que acabam por entrar em rumos incertos e errados por isso», lamentou.

No mesmo debate participaram Rui Vitória, atual treinador do Vitória de Guimarães, e também José Peseiro, que agora comanda o Sporting de Braga, e que também levantou o "véu" como costuma gerir uma equipa.

«Não gosto de jogadores que sejam ‘puxa-saco’ ou marionetas. Gosto de jogadores inteligentes, que saibam raciocinar. Só há liderança partilhada e eu gosto de patrulhar essa liderança com os jogadores. Os jogadores são fatores ativos do processo e não qualquer coisa que está ali para eu me servir», defendeu o também antigo técnico do Sporting.