Godinho Lopes resistiu menos de dois anos no cargo de presidente do Sporting, vítima dos maus resultados da equipa de futebol e da crescente oposição interna, protagonizando um dos mandatos mais conturbados da história do clube lisboeta.

A cisão conduziu à demissão dos órgãos sociais, hoje anunciada, após uma reunião com a presença de Godinho Lopes, do presidente do Conselho Fiscal e Disciplinar, João Mello Franco, e do presidente da Mesa da Assembleia Geral, Eduardo Barroso, que anunciou eleições para 23 de março e desconvocou a reunião magna de 09 de fevereiro destinada a votar a destituição a direção.

Eleito a 27 de março de 2011, a presidência de Godinho Lopes, começou sob o signo da contestação, com Bruno de Carvalho, candidato derrotado, a alegar irregularidades e a ameaçar impugnar o ato eleitoral.

Godinho Lopes, que se torna o segundo presidente consecutivo do Sporting a demitir-se, depois de José Eduardo Bettencourt ter permanecido no cargo apenas um ano, recolheu 36,55 por cento dos votos, apenas mais 360 do que Bruno Carvalho, resultado que espelhava a divisão entre os adeptos do clube de Alvalade.

Bruno de Carvalho teve maior número de votantes, mas menos votos, e foi sempre uma sombra que pairou sobre o presidente demissionário do Sporting, que teve ainda de conviver com uma Mesa da Assembleia Geral afeta à candidatura do opositor, liderada por Eduardo Barroso, uma das vozes mais críticas da Direção “leonina”.

As “baixas” nas suas próprias “fileiras” fragilizaram ainda mais o presidente sportinguista, que deveria terminar o mandato apenas em 2014: Carlos Barbosa esteve menos de um ano no cargo de vice-presidente para o marketing e a área comercial e Paulo Pereira Cristóvão demitiu-se pouco tempo depois, na sequência do designado “caso Cardinal”.

O então vice-presidente para o património anunciou a demissão dois meses depois de ter sido constituído arguido no processo que investigou a montagem de uma armadilha a José Cardinal, árbitro assistente de Artur Soares Dias, que estava designado para um jogo da Taça de Portugal entre o Sporting e o Marítimo.

Apesar daqueles percalços, terão sido os maus resultados no futebol que contribuíram decisivamente para a queda de Godinho Lopes, que deixa o Sporting na nona posição do campeonato, à passagem da 17.ª jornada, e já eliminado da Liga Europa, Taça de Portugal e Taça da Liga.

O quarto lugar na Liga na época 2010/11 foi considerado como uma consequência da pesada herança de Bettencourt, mas o mesmo resultado na época seguinte apenas foi amenizado pela presença nas meias-finais da Liga Europa e pela qualificação para a final da Taça de Portugal.

A presença na festa do Jamor saldou-se por uma amarga derrota por 1-0 frente à Académica e pelo fim do estado de graça de Sá Pinto, que tinha substituído a meio da temporada Domingos Paciência, a grande aposta do projeto de Godinho Lopes para a função de treinador da equipa de futebol.

Fragilizado pelo desaire na final da Taça de Portugal, Sá Pinto não resistiu muito tempo ao desastroso arranque da época 2012/13, sendo substituído pelo adjunto Oceano, que se manteve interinamente no cargo durante um mês e regressou à condição de número dois sem ter conquistado qualquer vitória.

Ao mesmo tempo que procurava um substituto para Sá Pinto, Godinho Lopes operou uma pequena revolução no futebol do Sporting, afastando os homens-fortes Luís Duque e Carlos Freitas e instaurando um “regime presidencial” em Alvalade, ao fazer recair sobre si toda a responsabilidade da gestão daquela área.

O treinador belga Franky Vercauteren foi, por isso, uma «escolha presidencial», mas saldou-se por um rotundo fracasso e foi Jesualdo Ferreira, a última grande aposta de Godinho Lopes, contratado inicialmente para as funções de “manager”, a ter de sentar-se no banco dos “leões”.