O maliano Alphousseyni Keita, jogador da Académica, considera que a França deu um passo «muito importante» ao ter decidido intervir no Mali e mostra-se confiante de que as forças africanas vão agora ser capazes de «fazer o resto».

Em entrevista à agência Lusa, o médio de 27 anos saudou o facto de a França ter decidido intervir militarmente na sua terra natal, a 11 de janeiro, para, juntamente com o exército maliano, combater os grupos islamitas armados do Norte e impedir que estes avançassem para a capital Bamako.

«Não é fácil falar sobre este assunto. Todos os malianos estão apreensivos com o que se tem passado no Mali, mas a situação agora parece estar a melhorar», disse Keita, que desde agosto de 2012 joga pela Académica, na 1ª divisão do campeonato português.

«Penso que graças à França todos os malianos hoje estão mais tranquilos e acredito que a situação agora vai melhorar rapidamente», acrescenta Keita, garantindo que sem a ajuda francesa teria sido «muito difícil resistir aos terroristas» que, antes da intervenção militar de Paris, controlavam o norte do país.

Alphousseyni Keita, que antes de chegar a Portugal jogou em França, no Le Mans e no Nimes, agradeceu ao Presidente francês, François Hollande, por ter tomado a decisão «nada fácil» de intervir naquela antiga colónia francesa.

O jogador maliano lembrou que foi só depois de Paris ter decidido intervir no seu país que a Comunidade Económica de Estados de África Ocidental (CEDEAO) tomou a iniciativa de destacar uma força militar para ajudar na estabilização do Mali.

«Quem tomou a iniciativa e está na origem dos progressos já alcançados» no combate aos radicais islamistas, tais como a recuperação das cidades de Tombuctu e de Gao, no norte, são os franceses, frisou Keita.

O jogador da Académica reconheceu, contudo, que o exército maliano também «tem sido muito corajoso» e mostrou-se convicto de que agora as forças africanas «vão ser capazes de fazer o resto».

Natural da capital maliana, Bamako, o jogador disse à Lusa que mantêm contacto regular com os seus familiares no Mali e garantiu que todos estão bem.

«Bamako ainda é longe do norte. Mas também tenho familiares em Tombuctu e de Gao. Temos estado em contacto regular com eles e garantem-nos que tudo vai bem», explicou.

Cerca de 3000 militares franceses combatem atualmente no Mali. Nigéria, Togo, Benim, Senegal, Níger, Guiné, Gana, Burkina Faso e o Chade são os oito países da África Ocidental que se comprometeram a enviar soldados para compor a força de cerca de 6000 soldados que irá juntar-se ao contingente francês.

A falta de recursos financeiros e logísticos tem, contudo, atrasado o destacamento dessa força.

O Mali vive uma profunda crise desde 22 de março de 2011, quando um golpe de Estado perpetrado por membros do Exército maliano afastou o Presidente eleito, Amadou Toumani Touré.

Aproveitando o vazio de poder em Bamako, o Movimento Nacional de Libertação de Azawad (MNLA) proclamou unilateralmente, em abril, a independência da região setentrional do Mali.

Diversos grupos islamitas ganharam força na região, retirando o controlo das mãos dos tuaregues e estabelecendo na zona uma versão da sharia, lei islâmica.