O novo presidente do Conselho Fiscal (CF) do Olhanense, Miguel Ferreira, eleito hoje para um período de dois meses, quer dar a conhecer aos sócios a realidade financeira do emblema algarvio.

«Decidi candidatar-me porque o clube não merece passar por este vazio e era desprestigiante não haver um único sócio interessado em dar o seu contributo, mas também porque quero transmitir aos sócios a situação atual do clube em termos financeiros», disse o dirigente à agência Lusa.

Este ato eleitoral único sucede devido à demissão do anterior conselho fiscal, em novembro de 2012, por divergências com a direção liderada por Isidoro Sousa, tendo Miguel Ferreira sido o único candidato ao sufrágio, depois de, em janeiro, a primeira marcação ter sido anulada por falta de candidatos.

Antigo vice-presidente do clube com o pelouro do futebol profissional, o agora presidente do CF, eleito sem votos contra, vai estar pouco tempo no cargo, uma vez que o mandato dos atuais órgãos sociais termina dentro de dois meses e terão de ser marcadas eleições até final de abril.

Neste período, Miguel Ferreira tenciona revelar aos associados do emblema algarvio, atual 14.º classificado da I Liga de futebol, o que se passa com as contas do clube, «sem levantar problemas com a direção», ressalvou.

«A direção merece um voto de confiança depois da saída do anterior presidente do Conselho Fiscal [Eduardo Cruz], cuja atuação não foi a mais correta», disse o dirigente.

Ainda assim, o novo presidente do Conselho Fiscal do Olhanense diz que a crise não é a principal justificação para os problemas financeiros do clube, que tem pelo menos dois meses de salários em atraso aos jogadores, segundo admitiu, na segunda-feira, Isidoro Sousa, em declarações à Rádio Renascença.

«O clube tem dificuldades financeiras, mas a crise não é o fator principal que justifica isso. Quem gere é sempre responsável, pois toma as decisões e planifica um orçamento com base nas receitas existentes», garantiu o dirigente, para quem a descida de divisão levaria o emblema ao «abismo financeiro».

Miguel Ferreira assegurou também que não será candidato à presidência do clube «enquanto Isidoro Sousa for presidente ou candidato ao cargo», pois respeita quem tem «carregado o clube às costas quase sozinho».

Entretanto, o presidente da assembleia geral do clube, Filipe Ramires, marcou, por sua própria iniciativa, uma reunião do conselho geral do clube e uma assembleia geral extraordinária, para os dias 26 e 28 de fevereiro, respetivamente, cujo ponto único passa pela análise da atual situação financeira do Olhanense.