Pedro Baltazar assumiu hoje que não se recandidata à presidência do Sporting e qualificou a situação financeira do clube como «um cenário negro e quase catastrófico», denunciando «uma enorme opacidade em diversos contratos e obrigações».

«Fui crítico da última presidência do Sporting e em devido tempo chamei a atenção para a tentativa de branqueamento feita com uma auditoria que não era de gestão e para o crescimento passivo de mais de 120 milhões de euros do último mandato», pode ler-se no comunicado enviado à agência Lusa por Pedro Baltazar, que lembra ter defendido publicamente a «responsabilização e criminalização da gestão danosa do Sporting».

Pedro Baltazar considera que o cenário do clube, em termos financeiros, «é negro e quase catastrófico» e alerta para «a enorme opacidade que existe em diversos contratos e obrigações», considerações que baseia no «muito melhor conhecimento» que hoje tem do Sporting, comparado com o que tinha há dois anos, quando foi um dos candidatos derrotados por Godinho Lopes.

Esse «muito melhor conhecimento» decorre das reuniões que manteve nas últimas semanas para «indagar o momento do Sporting e ajudar numa solução credível, que gerasse uma lista para a presidência do clube», que vai a eleições a 23 de março.

Pedro Baltazar invoca «as várias e intensas manifestações de apoio e os inúmeros pedidos para se recandidatar» à presidência do Sporting que recebeu, quer pessoalmente quer por outros vias, e procura explicar os motivos que o levaram, desta vez, a não avançar.

«Tenho uma enorme paixão pelo Sporting, sinto que poderei contribuir para o poder ajudar a ter uma melhor gestão e mais sucessos, mas, neste momento, não haverá muito espaço para liderar uma candidatura ganhadora», refere Pedro Baltazar, cuja postura neste ato eleitoral «vai depender das listas e projetos» que surgirem.

Recordou que, há dois anos, foi acusado de ter dividido o espectro eleitoral do Sporting, razão pela qual não quer, agora, «contribuir para divisões e cenários mitigados», pelo que não fará parte de qualquer equipa e aguardará a apresentação de listas e projetos para, se assim o entender, manifestar-se nesta campanha eleitoral.

Espera que «a honra do Sporting seja mantida», através de uma «campanha elevada e positiva», sem esquecer que «é tempo de rigor e de verdade», e expressa o desejo de que o futuro «seja verde e branco», ressalvando que, se algo acontecer fora desse quadro, estará «pronto e disponível para, no momento certo, ajudar o Sporting».

Os órgãos sociais do Sporting demitiram-se em bloco a 04 de fevereiro, tendo sido marcadas eleições para 23 de março, após um entendimento entre os presidentes do Conselho Diretivo, Godinho Lopes, do Conselho Fiscal e Disciplinar, João Mello Franco, e da Mesa da Assembleia-Geral, Eduardo Barroso.

A Mesa da Assembleia-Geral tinha convocado uma reunião magna para 09 de fevereiro, requerida por um grupo de sócios com vista à destituição de Godinho Lopes, que foi desmarcada após a renúncia dos órgãos sociais do clube lisboeta.

Até ao momento, estão anunciadas três candidaturas à presidência do Sporting, encabeçadas por Carlos Severino, Bruno de Carvalho e João Pedro Paiva dos Santos.