O presidente do Vitória de Guimarães acusou hoje a Polícia de Segurança Pública (PSP) de ter sido conivente com os desacatos verificados no recente Vitória de Guimarães B-Sporting de Braga B, da II Liga de futebol.

«O Vitória de Guimarães caiu numa armadilha que foi preparada com antecedência e, enquanto não me provarem o contrário, no mínimo tenho essa suspeita [de que a própria polícia estaria envolvida]», apontou Júlio Mendes em conferência de imprensa.

O dirigente esclareceu que, num primeiro momento, o clube requisitou policiamento para o jogo entre as equipas secundárias de Vitória e Braga e que, esperando cerca de duas mil pessoas, seriam necessários nove agentes, mas que prescindiu do mesmo depois de as autoridades terem dito que precisavam de 42.

«O número de agentes tem que ser consentâneo com o que está na lei, que é clara, e não pode ser decidido de forma discricionária pelas forças de segurança. Só aceitamos o número de agentes ditado pela lei, o futebol em Portugal está à beira da rutura, os clubes não podem suportar estes custos», disse.

O dirigente mostrou várias fotografias captadas pelas câmaras de vigilância do recinto, onde se podem ver polícias dentro do estádio ao mesmo tempo que os confrontos se desenrolavam.

«Não sei o que é que estavam ali a fazer, porque a sua presença não foi requisitada», notou.

Para Mendes, «isto é um braço de ferro entre vários clubes e um interesse corporativo que não quer deixar de receber horas extraordinárias».

Explicou ainda que a força que garante a segurança dos cidadãos e que podia evitar os tumultos entre os adeptos dos dois clubes minhotos é o Corpo de Intervenção (CI) da PSP, cuja requisição não é da responsabilidade dos clubes, e que estava à porta do estádio porque acompanhou desde Braga os adeptos "arsenalistas".

Quando os confrontos eclodiram, o Vitória pediu para que o CI entrasse, «mas a resposta do subintendente Daniel Mendes, presente no estádio, foi para que ligássemos para a esquadra».
Júlio Mendes diz estar convencido que quem provocou os incidentes foram os adeptos do Braga, já que, «até então, o jogo decorria sem problemas».

«Não aceitamos que adeptos supostamente do Braga entrem na nossa casa, iniciem um conjunto de provocações que desencadearam os confrontos e que a polícia esteja à porta à espera que o `ladrão assalte´ para entrar depois», disse.
Júlio Mendes deixou a pergunta:

«Não é do mais elementar bom senso que a polícia dê instruções ao CI para intervir? Estavam a poucos metros, havia vidas em risco e podem ver-se agentes sentados! Só entrou passados oito minutos, depois do `circo estar a arder´. Porquê tanto tempo? Isto é muito grave.»

«O subintendente Daniel Mendes disse ao nosso vice-presidente Armando Marques que não estava ao serviço, mas estava sentado na bancada, não sei a fazer o quê. No Braga-Paços de Ferreira, o mesmo subintendente deu instruções para que o CI entrasse e para que os adeptos do Paços de Ferreira fossem para trás de uma das balizas. Temos dois pesos e duas medidas?», questionou.

O responsável disse ainda que vai fornecer todos os meios que o clube tem à Liga e ao Ministério Público para que se apurem responsabilidades.