O empresário Miguel Pais do Amaral considera que os clubes de futebol em Portugal não estão a ser devidamente ressarcidos no negócio dos direitos das transmissões televisivas e estão a «deixar muito dinheiro em cima da mesa».

«O que se passa em Portugal é um pouco parecido com o que acontece em Espanha, [onde] os clubes estão a deixar ficar muito dinheiro em cima da mesa», afirmou à Lusa o empresário que preside ao conselho de administração da Media Capital, dona da TVI.«Mas esse é um problema dos clubes e das plataformas de distribuição, da Zon, da Portugal Telecom, da Olivedesportos, eu não tenho nada a ver com isso», acrescentou.

Miguel Pais do Amaral disse ainda em entrevista concedida à Lusa que os planos que teve para criar um canal desportivo, e que o levaram a adquirir os direitos televisivos da Liga Espanhola e da Liga dos Campeões, que acabou por ceder, «era algo que fazia todo o sentido para a TVI».

O objetivo era a criação de «um canal de desporto internacional, não com a Liga portuguesa», fez questão de sublinhar o empresário, «porque a Liga portuguesa está comprometida». «Mas era perfeitamente possível ter constituído um canal interessante de desporto internacional», acrescentou.

«As circunstâncias fizeram com que os aliados estratégicos necessários na altura em que as decisões tinham que ser tomadas não fossem a jogo e esse projeto teve que ficar pelo caminho. Mas é um projeto que pode ser sempre retomado por outra entidade qualquer», disse ainda Miguel Pais do Amaral.

De acordo com o “chairman” da TVI, «a oportunidade de negócio está lá e todos os dois ou três anos essas ligas, a Liga espanhola, a italiana, a inglesa [cujos direitos acabam de ser adquiridos pela Benfica TV], a Champions League, a Liga Europa estão no mercado.

Não há razão para haver aí monopólios».

Essa não é, no entanto, a situação em Portugal, em que Pais do Amaral considera «normal que haja uma situação de espécie de monopólio em relação à Liga portuguesa, embora neste momento considere que os clubes não estão a ser minimamente beneficiados com a atual situação».