O Sindicato dos Oficiais de Policia (SOP/PSP) rejeitou hoje as declarações do presidente do Vitoria de Guimarães, relativas aos incidentes no seu estádio, que considera que visam denegrir a imagem dos seus profissionais.

«Pelas imagens tornadas públicas foi precisamente graças à atuação exemplar da PSP que foram evitadas consequências gravíssimas para a integridade física dos espetadores», refere o SOP/PSP em comunicado.

O organismo contraria assim as críticas de Júlio Mendes ao comportamento dos agentes no estádio, nomeadamente no que toca à posição assumida de que se houvesse polícia as coisas teriam sido diferentes, com mais bastonadas e feridos.

No domingo, o jogo entre Vitória de Guimarães B e Sporting de Braga B, da 29.ª jornada da II Liga, foi suspenso aos oito minutos pelo árbitro portuense Hugo Pacheco, devido a atos de violência entre adeptos das duas formações, no Estádio D. Afonso Henriques.

«Foram justamente os elementos policiais, de que a direção do Vitória de Guimarães prescindiu, que foram repor a ordem e a segurança no interior do estádio», refere a associação sindical, que acrescenta:

«É bom não esquecer que grande parte estava de folga e foram chamados para o serviço.»

O comunicado refere ainda o decreto-lei que «expressa claramente que quando a entidade promotora do espetáculo desportivo não requisitar policiamento a segurança e a ordem é da inteira responsabilidade dessa entidade».

«Manifestamente, a direção do Vitória de Guimarães não avaliou bem o risco inerente ao jogo», prossegue o comunicado do SOP/PSP, considerando que o problema não se teria colocado se a PSP tivesse policiado o evento desde o seu início.

No tocante ao corporativismo referido, «pelo facto de os polícias quererem ganhar dinheiro com horas extras no futebol, é bom que se torne público que a maioria é nomeada obrigatoriamente para esse serviço e na maior parte das vezes contra a sua vontade pessoal».

«Tal prestação de serviço, mal remunerada, é feita nas horas de folga, logo sem prejuízo do cumprimento do horário normal de serviço, contende com o merecido descanso dos polícias e com o escasso tempo que têm para privar com a família», acrescenta o comunicado.

Na quinta-feira, o ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, disse que vai propor a alteração da legislação relativa ao policiamento nos eventos desportivos, tornando obrigatória a requisição da força policial nas competições profissionais.

Depois de ter explicado que, nos atuais moldes, a responsabilidade do Estado é colocar policiamento fora dos estádios, enquanto os clubes devem pedi-lo para o interior, embora não sejam obrigados a isso por lei, Miguel Macedo reforçou que esta situação não tem corrido bem e que o obrigou a uma reflexão.

Em 9 de novembro, entrou em vigor o decreto-lei 216/2012, que retirou a obrigatoriedade de policiamento em competições desportivas de escalões juvenis e inferiores e responsabilizou os organizadores dos jogos e as forças de segurança quanto à avaliação dos riscos decorrentes destes eventos, salientando que caso o policiamento seja requerido, «de forma justificada», os encargos são «suportados pelos respetivos promotores».