A Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) vai opor-se ao controlo conjunto da Sport TV por parte da Zon e da PT, afirmou hoje Mário Figueiredo, por ser prejudicial à concorrência nos direitos de transmissão dos jogos.

«Somos agora surpreendidos com uma operação de concentração dos dois principais operadores de cabo em Portugal no único canal de transmissão televisiva dos jogos numa triangulação. Na queixa que apresentámos dissemos que o mercado estava potencialmente encerrado, com esta operação que foi notificada de concentração à Autoridade da Concorrência fica completamente encerrado», afirmou o presidente da LPFP.

Em entrevista à agência Lusa, Mário Figueiredo acrescentou que, «se duas empresas que asseguram praticamente 90% do serviço por cabo em Portugal se concentram com o atual detentor dos direitos na empresa que difunde essa operação o mercado, fica definitivamente encerrado».

«A LPFP vai deduzir oposição a esse processo de concentração. Fá-lo-á nos prazos que estão a correr e que são curtos», frisou, aludindo à aquisição de controlo conjunto das sociedades Sport TV, Sportinveste Multimédia e PPTV, por parte da Zon Multimédia e da Portugal Telecom à Controlinveste Media, que foi notificada à Autoridade da Concorrência, em 14 de março.

O presidente da LPFP defende que os direitos de transmissão são valorizados quando centralizados e comercializados num mercado livre.

«O adepto de futebol está na disposição de mudar a base fornecedora dos quatro elementos [televisão, telefone, telemóvel e Internet] se os jogos do clube da sua simpatia mudarem de operador e estamos a falar de fatias que podem chegar a 30 ou 40% do mercado. Estamos a falar de muitos milhões de euros e esta operação propõe a manutenção do empobrecimento dos clubes, que recebem uma ninharia dos valores [cerca de 64 milhões de euros] e que pelas nossas contas poderiam chegar a 200 milhões, mesmo num cenário de recessão», explicou.

Mário Figueiredo considera que esta operação «vai definitivamente prejudicar os clubes e os clientes».

«O modelo implica que haja concorrência, porque não podemos centralizar os direitos na LPFP tendo um só comprador. Até corremos o risco, em última análise, que nos ofereçam menos dinheiro pelos jogos. Estamos convictos de que esta situação não pode ser autorizada e até estamos crentes de que os próprios operadores têm muitas dúvidas de que seja aprovada», frisou.