A 6 de maio, o estádio da Luz encheu para ver o antepenúltimo jogo do campeonato nacional, a antepenúltima barreira a superar rumo ao título de campeão nacional. O adversário era o Estoril-Praia, um dos 'camisolas amarelas' da época agora finda, mas ao 'alcance' de um Benfica demolidor na frente de ataque e que apresentou o futebol mais 'perfumado' entre as 16 equipas.

Por alguma razão, os 'canarinhos', a par do outro camisola amarela, Paços de Ferreira, estava onde estava na tabela classificativa. Os encarnados tentaram resolver logo nos primeiros minutos de jogo, mas aquele era o dia de Lima falhar tudo o que era possível. Ao desgaste físico que se foi notando com o passar dos minutos, aliou-se a sempre perturbadora ansiedade. O Estoril-Praia sentiu isso e soube aproveitar, marcando primeiro. Estava lançado o 'balde de água fria' em mais de 60 mil espetadores. Só Maxi Pereira conseguiu atenuar o que poderia ter sido pior e, àquela data, a primeira derrota. Os minutos corriam, nada mudou, e o impensável para o Benfica aconteceu: chegava ao 'jogo do título' só com mais dois pontos. E a história recente deixava claro que os jogos no Dragão não beneficiavam os encarnados.

E assim aconteceu, cinco dias depois, a 11 de maio. O FC Porto, com Kelvin a ser a figura aos 90+2, marcando o golo da 'cambalhota' num campeonato disputado sempre a dois, foi feliz em casa. Agora eram os azuis e brancos a comandar, apenas com mais um ponto. Jorge Jesus caía de joelhos, incrédulo, numa das imagens que marcam a temporada, Antes de se dar por completo o campeonato, o Benfica jogou a final da Liga Europa.

A 15 de maio, em Amesterdão, no ArenA, a 'sala de espetáculos' mais importante desse dia, os encarnados, ora nas bancadas ora no campo, deram uma lição de querer aos londrinos do Chelsea. No relvado, dois momentos de desatenção valeram uma derrota. A Taça foi para Londres, depois de Ivanovic ter cabeceado para o fundo das redes aos 90+3. O Benfica perdia neste dia a primeira das três frentes, mas pela qualidade demonstrada, os adeptos ficaram ao lado da equipa.

A 19 de maio, chegava-se à última jornada da I Liga. O FC Porto jogou em Paços de Ferreira, o Benfica recebeu o Moreirense, mas só um 'milagre' na Mata Real poderia levar à festa na Luz. Os portistas venceram por 2-0, festejaram em 'casa alheia' o 'tri', enquanto os encarnados, cabisbaixos, não conseguiram saborear a vitória por 3-1 sobre o Moreirense, que acabou por ser relegado à II Liga. Nesta altura ainda faltava a Taça de Portugal e os adeptos mantiveram-se ao lado da equipa.

Assim se chegou ao dia 26 de maio, dia da prova-rainha, da festa do futebol e do encerramento de mais uma época. O Benfica, com um onze habitual e dois homens na frente, defrontava o Vitória de Guimarães, equipa que atravessou uma época complicada, mas que chegava ao Jamor com várias 'vitórias' (o seu próprio nome e o apelido do treinador, Rui Vitória). O treinador dos vimaranenses tinha dado a receita para ser feliz em Oeiras: «O Benfica não pode querer mais do que nós». A máxima encaixou perfeitamente na segunda parte, em que os encarnados tentaram defender a 'magérrima' vantagem de 1-0. Em dois minutos, os minhotos acreditaram e levavam a Taça para a Cidade-Berço.

Este é o breve resumo dos últimos 20 dias do Benfica. Uma equipa que tudo quis vencer e tudo acabou por perder.