O novo treinador do Sporting, Leonardo Jardim, disse hoje que «só existe um primeiro lugar», referindo-se à falta de tempo que é dado aos técnicos para apresentarem o seu trabalho, durante o Seminário Treino de Futebol, em Pombal.

«Temos de perceber que só existe um primeiro lugar, quando um ganha, outro tem de perder e nem tudo precisa de uma justificação. Também é um acontecimento não ganhar. Enquanto as pessoas não perceberem que isto acontece, nada vai mudar», adiantou Leonardo Jardim, respondendo à pergunta de como em Portugal se passa rapidamente de «bestial a besta».

Para o técnico “leonino”, no futebol «tem de se justificar quando não se ganha», mas «quando se ganha está tudo bem».

Leonardo Jardim destacou que «as pessoas têm de perceber que se um ganha, o outro tem de perder, e que um tem de ficar em primeiro e o outro em segundo, pois só existe um primeiro lugar», embora haja depois «variáveis que distinguem o vencedor».

O técnico admitiu, no entanto, que, «como treinadores», têm de «controlar as variáveis o mais possível», mas, «por vezes, o equilíbrio é nota dominante» e «existem variáveis [que não se controlam] que são importantes no resultado final».

«É diferente a bola bater na trave e entrar e bater na trave e sair. O treinador tem de justificar porquê? Quando os desequilíbrios são maiores, aí, admito que tem de justificar. Quando existe muito equilíbrio não há que explicar», reforçou o treinador do Sporting.

Sem querer falar no caso concreto do treinador do Benfica, Jorge Jesus, o técnico disse ainda preferir os clubes que «não olhem só para os resultados desportivos e percebam o trabalho que está alicerçado e que foi desenvolvido».

No entanto, Leonardo Jardim admitiu que são «as vitórias que alimentam a carreira do treinador» e «aquele treinador que tem sede de vitória e apresenta conquistas é o mais procurado».

Por outro lado, Leonardo Jardim constata que «o julgamento interno é inerente». «Sabemos que o bom treinador é aquele que ganha».

O técnico confessou que «os treinadores gostavam de ter mais tempo para consolidar o seu trabalho», mas a rotatividade dos profissionais tem «a vantagem que é aparecerem mais treinadores no mercado» e a «desvantagem de existirem projetos que poderiam ser mais consolidados e não o são porque o resultado desportivo imediato não apareceu».