O diretor-geral da Cabovisão, João Zúquete da Silva, defendeu esta quarta-feira que a entrada da PT no controlo conjunto da Sport TV com a Zon vai reduzir a equidade e transparência no acesso aos conteúdos desportivos.

«É preciso acesso em condições de equidade e de transparência de mercado e essa entrada da PT [Portugal Telecom] na Sport TV só vai contribuir para menos», afirmou à Lusa o gestor, à margem da conferência de imprensa da operadora, que decorreu hoje em Lisboa.

Na terça-feira, o presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, Mário Figueiredo, teve uma audiência com a comissão parlamentar para a Ética, a Cidadania e Comunicação, onde manifestou as suas preocupações com a operação de controlo conjunto da Sport TV pela PT e Zon, adiantando que os juristas estão a analisar a apresentação de uma eventual queixa em Bruxelas sobre o assunto.

A Cabovisão foi uma das operadoras que se manifestou contra a concentração, em sede da Autoridade da Concorrência, aguardando agora a posição do regulador sobre a operação.

João Zúquete da Silva lembrou que durante «muitos anos» a Cabovisão tinha de pagar «mínimos garantidos» à Sport TV, ou seja, pagar por clientes que não tinha.

Esta cláusula foi entretanto revogada, mantendo a Cabovisão uma «relação cordial» com a Sport TV.

Em relação à entrada da PT enquanto acionista da Sport TV, ficando com 25% da empresa e com igual posição da Zon, o diretor-geral da operadora por cabo afirmou: «sentimos que a forma como o negócio está estruturado perpetua o posicionamento relativo de cada 'player'».

Ou seja, as condições mantêm-se as mesmas e os operadores mais pequenos «não conseguem» competir com os grandes.

«Os conteúdos são absolutamente essenciais», apontou, defendendo que «há coisas que não podem acontecer».

Se a entrada da PT na Sport TV avançar, João Zúquete da Silva é perentório, mostrando-se disposto a lutar «com as formas que estão ao dispor» da operadora.

No processo de concentração, a PT e a Zon passam a deter 25 por cento cada da Sport TV, ficando os restantes 50 por cento nas mãos da Sportinveste, de Joaquim Oliveira.

Anteriormente, a Sport TV era detida em 50 por cento pela Zon e a outra metade pela Sportinveste.