O presidente do Boavista, João Loureiro, afirmou hoje que o clube tem um longo caminho a percorrer, mas mostrou-se esperançado na renegociação do Processo Especial de Revitalização (PER) do qual depende “a sobrevivência” da instituição.
«O que está em causa é a sobrevivência do Boavista, reunimos com todos os credores e, explicando os motivos óbvios, conseguimos extensão do prazo de decisão do PER», disse João Loureiro.
Numa longa entrevista divulgada no sitio do clube na Internet, João Loureiro, que assumiu a presidência do clube há seis meses, considerou que há motivos para ter esperança.
«Acho que já ganhámos muito terreno e é possível ter esperança de que, se tudo correr como estamos a perspetivar, num prazo de dois meses consigamos um acordo final com os credores que pode ser simpático para o Boavista», referiu.
Admitindo que nunca esteve nos seus objetivos regressar à presidência do clube – que dirigiu entre 1997 e 2007 -, João Loureiro explicou não ter conseguido alhear-se dos problemas do Boavista, despromovido à Liga de Honra na época 2008/09, na sequência do processo “Apito Final”.
«Regressei porque senti que o futuro do Boavista podia estar em risco e que a instituição podia desaparecer», disse, acrescentando: «Senti um apelo grande das pessoas e fui sensível a isso».
João Loureiro considerou que foi feita justiça com a decisão de reintegrar o clube na liga principal, na época 2014/2015, mas lembrou que continua por definir a compensação financeira a atribuir aos “axadrezados”.
«O principal foi reconhecerem que a nossa descida foi injusta e já estar estabelecida a forma como vamos regressar, mas falta definir a compensação a que o Boavista terá direito, que será importante para o clube», frisou.
O presidente do clube, que na última época disputou a II divisão, assegurou que a eventual compensação será «afetada exclusivamente à liquidação de passivo».
No ano em que o clube comemora 110 anos, João Loureiro referiu que o Boavista vive «um momento que pode ser histórico, mas que exige grande sentido de responsabilidade, grande capacidade de trabalho, união nos objetivos e que cada, dentro das suas possibilidades possa ajudar o clube» e acrescentou: «Até ao final do meu mandato, eventualmente, podemos esperar um Boavista ao seu nível».
Admitindo ter «ainda muitos obstáculos por ultrapassar», Loureiro elegeu a resolução do PER, as negociações com as finanças e com a segurança social e com alguns antigos jogadores, como os principais assuntos a resolver.
Na próxima época, a equipa de futebol, orientada por Petit e com Latapy no corpo técnico, vai estar envolvida no campeonato nacional de seniores e com «o regresso à Liga principal no horizonte».
João Loureiro lamentou o atraso na resolução de questões, com a Câmara Municipal do Porto, relativas à construção do estádio do Bessa para o Euro2004 e prometeu uma revitalização do espaço.
Loureiro, que assumiu ter preferido não ser presidente da SAD para se concentrar na questão do PER, manifestou a intenção de «criar um canal do Boavista que, a exemplo de outros clubes, possa de uma forma frequente ser uma forma de contacto com os adeptos».
No final da época 2007/08, o Boavista foi despromovido administrativamente à Liga de Honra, por alegada coação, mas o clube acabou por ser relegado para a II Divisão por não ter cumprido os requisitos financeiros para as competições profissionais.
Em fevereiro de 2013, na sequência de uma decisão judicial, o Conselho de Justiça da FPF decidiu dar provimento ao recurso do Boavista, com fundamento na prescrição do procedimento disciplinar que ditou a descida de divisão do clube, sem analisar o mérito dos procedimentos disciplinares aplicados.
Na sequência desta decisão, a a Liga Portuguesa de Futebol Profissional e a Federação Portuguesa de Futebol assinaram um protocolo sobre o alargamento dos campeonatos profissionais, para a reintegração dos “axadrezados” na época 2014/15, sendo que o aumento para 18 clube só vai ocorrer no caso de o Boavista participar na I Liga.