O diretor executivo da Associação das Ligas Europeias de Futebol Profissional (EPFL) considera que o futebol português está a dar passos positivos na profissionalização dos árbitros, mas alerta que o «erro não vai desaparecer» com a medida.

«O conceito de profissionalização na arbitragem não é o mesmo em todos os países, mas eu penso que os passos que têm vindo a ser dados são positivos, [para] dotar os árbitros de todas as condições, não apenas remuneratórias, mas para que possam progredir na sua atividade e melhorar o seu desempenho», disse o português Emanuel Medeiros em entrevista à agência Lusa.

O dirigente, que está aos comandos da EPFL há nove anos e que deixará o cargo a 31 de março, considera, no entanto, que esta medida não é uma receita milagrosa.

«Desiluda-se quem pensa que é por haver árbitros profissionais ou não profissionais que o erro vai desaparecer da arbitragem. O erro faz parte do género humano. Os árbitros são homens e mulheres, portanto permeáveis às circunstâncias e ao erro», afirmou.

Emanuel Medeiros sublinhou que os árbitros deveriam ter condições, inclusive técnicas, para «avaliar e ajuizar da forma mais fidedigna possível cada lance».

«Por isso me bati desde a primeira hora pela introdução da tecnologia da linha de golo [em que um chip implantado na bola permite eletronicamente perceber se esta passou ou não a linha]», recordou o CEO da associação que congrega 30 ligas europeias e quase 1.000 clubes do "Velho Continente".

O mesmo responsável considera que «há um ambiente de crispação extremamente acentuado em Portugal em relação à arbitragem», e que essa atitude tem consequências, primeiro comerciais e depois de credibilidade.

«Os dirigentes - aos vários níveis - deveriam convergir para valorizar os elementos positivos do jogo [...] e com isso valorizar qualitativamente a competição e projetando-a de forma comercial, cativando mais patrocinadores, mais investidores e mais adeptos», afirmou.

Pelo contrário, no final de cada jornada do futebol português assiste-se «a um ataque maciço ao árbitro, num negativo jogo de lama, que a todos salpica e, desde logo, a imagem, a credibilidade e a reputação do futebol português».