Benfica e FC Porto, dois dos três líderes da I Liga de futebol, defrontam-se domingo na Luz à “sombra” da memória do “Rei”, num duelo que será um último adeus a Eusébio da Silva Ferreira.

Invulgarmente à luz do dia, pelas 16:00, o “Pantera Negra”, figura máxima da história do futebol “encarnado”, estará “omnipresente” no encontro da 15.ª jornada do campeonato, precisamente uma semana depois de ter falecido, aos 71 anos.

Aliás, para o primeiro jogo “post mortem”, Eusébio dificilmente poderia ter “escolhido” melhor cartaz, com o “seu” Benfica a disputar o “título” de inverno com o FC Porto, com a permissão do Sporting, que joga na véspera no Estoril.

Os “encarnados” chegam no seu melhor momento da época, com vitórias em nove dos últimos 10 jogos oficiais, incluindo nos derradeiros cinco, parecendo, mesmo ainda sem grande “nota artística”, refeitos do “trágico” final da temporada passada.

Por seu lado, o FC Porto venceu convincentemente os seus últimos três jogos no campeonato, depois de uma série negra de três jogos sem ganhar, incluindo a primeira derrota no campeonato (0-1 em Coimbra) depois de 53 embates sem perder.

O Benfica não tem, porém, todas as suas armas, já que Salvio (não joga desde a terceira ronda) e Cardozo (ausente há mais de dois meses) continuam lesionados e Gaitan e Rodrigo estão em dúvida. Seriam mais duas grandes baixas.

Incógnita, também, é quem Jorge Jesus colocará na baliza, se o experiente brasileiro Artur, já recuperado de lesão, ou o jovem esloveno Oblak, que ainda não sofreu golos desde que – há três jogos e uns minutos - assumiu a baliza dos “encarnados”.

Por seu lado, os “dragões” estão quase na máxima força e já poderão apresentar, provavelmente no banco, o seu primeiro reforço de inverno, o regressado Ricardo Quaresma, que, no auge, decidiu o clássico disputado na Luz em 2007/2008 (0-1).

Paulo Fonseca deverá ter igualmente ao seu lado o jovem brasileiro Kelvin, que, na época passada, resolveu de forma inesperada o campeonato, com o golo da vitória portista na receção ao Benfica (2-1), já nos descontos.

Quanto a táticas, Jorge Jesus pode jogar com apenas um avançado (Lima) e chamar ao “onze” Ruben Amorim ou Fejsa, enquanto o FC Porto, com o valor emergente Carlos Eduardo no meio-campo, deverá jogar com as mesmas “cautelas” assumidas por Paulo Fonseca em Alvalade, para a Taça da Liga.

Nos últimos 12 anos, o Benfica apenas venceu duas vezes, contra cinco do FC Porto, mas o equilíbrio tem dominado, já que não há registo de qualquer vitória por mais de um golo de diferença – a última é, aliás, de 1997/98, no último jogo à luz do dia.

A 02 de maio de 1998, o então treinador portista, António Oliveira, com o título já matematicamente assegurado, deixou no banco Zahovic e Drulovic (entraram aos 33 minutos) e Jardel (ao intervalo) e, quando quis, já não conseguiu melhor do que perder por 3-0 - golos de Brian Deane, Karel Poborsky e Tahar El Khalej.

Na época passada, registou-se um empate a dois, com quatro golos nos primeiros 17 minutos: os portistas estiveram duas vezes em vantagem, com tentos de Mangala e Jackson Martinez, anulados por Matic, com um dos golos do ano, e Gaitan.

Mas, falar em golos, também no clássico, é lembrar o inevitável Eusébio: em 33 jogos, marcou 25, tantos quantos somam juntos os dois melhores marcadores portistas (Pinga e Gomes).

Ao FC Porto, apontou o último tento a 02 de junho de 1974, no Estádio da Antas: depois de um “bis” de Nené, aos 19 e 59 minutos, o “Pantera Negra”, entrado ao intervalo, fechou a contagem, aos 66, colocando o Benfica na final da Taça. Foi há quase 40 anos.

Domingo, na Luz, alguns recordarão este golo, outros falarão de outros, ao Real Madrid, ao Brasil ou à Coreia do Norte, nem que seja pelas imagens que, entretanto, viram na televisão. É a festa do “Rei”, o melhor jogador português da história.