Aproveitado por uns, ignorado ou criticado por outros. Assim é o mercado de transferências de inverno, que entre os dias 1 e 31 de janeiro – pelo menos nas principais ligas europeias – agita a vida de clubes e jogadores e tem o poder de “virar” o rumo desses campeonatos.

Em Portugal, este período é mais temido do que apreciado. Com efeito, Benfica, Sporting e FC Porto receiam mais uma investida milionária de um qualquer ‘tubarão’ do que pensam no reforço efetivo dos seus plantéis.

São poucos os jogadores livres nesta altura e ainda menos os bons, disponíveis e a um custo acessível para os bolsos nacionais.

À entrada para o último dia da janela do mercado, o Benfica não garantiu qualquer reforço, mas já perdeu o outrora indiscutível Matic e vendeu o passe do jovem André Gomes ao empresário Jorge Mendes. Já o FC Porto assegurou a contratação mais mediática do mercado nacional, ao promover o regresso de Ricardo Quaresma depois de uma passagem pelo futebol árabe. Quanto ao Sporting, o plantel “curto” já evocado por Leonardo Jardim cresceu ligeiramente neste mercado de inverno com as contratações de Shikabala e Dramé.

O saldo pouco feliz dos invernos anteriores 

Num primeiro balanço salta à vista o baixo investimento dos três grandes neste mercado, em linha com o que tem sucedido nos últimos anos. Em 2013 o Benfica também não fez qualquer aquisição, enquanto o FC Porto garantiu Liedson e Izmaylov, que tiveram um pequeno papel na conquista do título. Relativamente ao Sporting, que viveu no ano transato uma das suas piores épocas, os reforços de janeiro foram apenas Miguel Lopes e Joãozinho. Curiosamente, nenhum dos laterais continua em Alvalade.

Recuando até 2012, uma vez mais se comprova o maior acerto do FC Porto neste período de transferências, ao garantir as entradas de Lucho Gonzalez, Janko e Danilo, que deram então mais e melhores soluções ao técnico Vítor Pereira para alcançar o título de campeão nacional. Ao mesmo tempo, o Benfica integrava Yannick Djaló e André Almeida no plantel de Jorge Jesus, sendo que ambos não passaram de atores secundários no filme da temporada. Entre os leões, as contratações passaram por Xandão, Renato Neto e Ribas, um trio que também já não veste de verde e branco.

Por fim, o mercado de inverno de 2010-11 não alterou nada no FC Porto de André Villas-Boas, que já em janeiro caminhava lançado para a conquista do campeonato. As mudanças ocorreram apenas em Lisboa, onde o Benfica assegurou Jardel, José Luís Fernández, Carole e Matic, que chegou incluído no negócio de saída de David Luiz e saiu agora do clube da Luz por 25 milhões. Em Alvalade, a contratação de inverno deu pelo nome de Cristiano, um extremo brasileiro que passara pelo Paços de Ferreira e que também não singrou no emblema leonino.

Por isso, quem quer investir no mercado de transferências de janeiro? A história recente em Portugal não apresenta grandes motivos para isso, sendo 2011-12 a exceção bem sucedida do FC Porto. E se é verdade que “em equipa que ganha não se mexe”, o mercado de inverno prova que nem sempre as mexidas ajudam as equipas que estão sem ganhar…

Contratações de inverno dos três ‘grandes’ desde 2011:

Benfica:

2014 – 0
2013 – 0 (só chegaram jogadores para a equipa B)
2012 – Yannick Djaló e André Almeida
2011 – Jardel, José Luís Fernández, Carole e Matic (incluído na transferência de David Luiz)

FC Porto:

2014 - Quaresma
2013 – Liedson e Izmaylov
2012 – Lucho, Janko e Danilo
2011 – 0

Sporting:

2014 – Dramé e Shikabala
2013 – Miguel Lopes e Joãozinho
2012 – Xandão, Renato Neto e Ribas
2011 – Cristiano