Rui Alves apresentou hoje a candidatura à presidência da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, num projeto que promete defender os “pequenos e médios clubes” do domínio económico dos grandes.
O candidato, que se demitiu da presidência do Nacional para avançar para este projeto, vai congregar na sua candidatura as anunciadas listas de Paulo Carvalho e Paulo Teixeira.
“Trinta e três clubes pagam para um negócio onde dois levam 50 por cento. Não é possível continuar assim”, defende o candidato, que desafia os clubes a “decidir por um modelo de repartição de receitas” que altere as “posições dominantes de Benfica e FC Porto no futebol”.
Num discurso em que praticamente ignorou a candidatura do atual presidente, Mário Figueiredo, a lista de Fernando Seara foi assumida como “o outro lado ideológico” das eleições, neste caso, com Rui Alves a considerar que o seu rival “é um peão e tudo fará para manter o atual status quo”.
“Não pagando pela organização da prova, os dois emblemas representam 50 por cento do volume de negócios da organização, pelo que estão juntos. E não é deste lado ideológico, mas do outro. Têm estadosempre unidos, e porquê? Porque é preciso manter o modelo de negócio, preferencialmente com alguém que nada sabe de futebol”, criticou.
E completou: “[Fernando Seabra] Pode comentar futebol. Até é meu amigo pessoal, mas a Liga precisa de um líder, não de um peão. É um cardeal com um que já é Papa e outro que poderá ser. Não é crítica a Luís Filipe Vieira ou Pinto da Costa na defesa dos interesses dos seus clubes. Se estivesse lá, se calhar faria o mesmo. A lógica de um grande é diferente”.
“Os outros 30 têm de perceber que Rui Alves é o candidato do povo, dos ‘sem-abrigo’ do futebol. Da socialização do futebol profissional. É esse o nosso grande desafio”, vincou.
Rui Alves manifestou “estranheza” pelo facto de Benfica TV, Benfica e Sport TV estarem unidos na defesa da centralização dos direitos televisivos, considerando que a manutenção do estado atual preconizada por Fernando Seara visará apenas “salvar” os operadores.
Revelou “respeito” pelas opções de “negócio/lucro” de qualquer empresa, mas defende que a Benfica TV deve equiparar-se, no modelo, às televisões de outros clubes internacionais, “para não ferir a verdade desportiva”.
“O quadro atual do futebol não permite que os contratos até 2018 sejam um bom negócio. A única hipótese de isto começar de novo, sem a insolvência dos operadores, é uma decisão de centralização na Liga com a denúncia dos contratos por partes dos clubes. E a Benfica TV devia ser igual à do Chelsea, Real Madrid, FC Barcelona... o futebol só ganharia com isso. Há um risco informativo que coloca em causa saber se a equipa de arbitragem está ou não sob coação”, justificou.
Rui Alves entende ser possível, “no imediato”, reduzir o orçamento da estrutura da Liga Portuguesa de Futebol Profissional em 30 por cento, promete duplicar as receitas dos clubes da II Liga para o milhão de euros e defende que a criação de “um modelo de transparência na aquisição de serviços é um grande desafio” da instituição.
“Nestas eleições é claro que há dois blocos ideológicos. Do outro lado há plágio a mais. Este é um bloco que tem honestidade intelectual sobre o produto que está a tratar. Do outro lado é a manutenção de 33 a pagar para dois levarem 50 por cento do negócio. Neste momento, o peão permite salvar a insolvência dos operadores”, concluiu.
Paulo Carvalho abdicou da sua lista devido à “convergência de ideias e total confiança na liderança de Rui Alves”, manifestando-se empenhado em ajudar a criar “um modelo de negócio justo e criterioso”.
“É muito mais o que nos une do que o que nos separa. Sempre trabalhei em equipa. Há unanimidade que conjugando esforços conseguimos alcançar o que o futebol português precisa. Não luto por cargos, nem trampolim para outras situações, como alguns precisam. Luto por projetos, pela convicção do que é preciso”, complementou Paulo Teixeira, que também abdicou do seu projeto.
As eleições para a presidência da Liga realizam-se a 11 de junho.