O projeto da recandidatura de Mário Figueiredo à Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) prevê aumentar as receitas dos clubes, mas também mexer em áreas sensíveis como a arbitragem nomeadamente criando mecanismos transparentes na avaliação.

“O Apito Dourado aconteceu em Portugal em 2004 e a podridão da arbitragem continua, que é o sistema de observações. Nós continuamos com o mesmo sistema que fez com que existisse o Apito Dourado”, afirmou Mário Figueiredo, em entrevista à agência Lusa.

O candidato referiu que os observadores aos jogos sofrem pressões para “atribuírem as notas aos árbitros que se comportem de uma determinada maneira, para serem promovidos os dos arranjinhos e despromovidos os que não aceitam”.

“O sistema que está implementado premeia os árbitros que estão nas mãos dos observadores, num processo pouco transparente. É a política do segredo e das nomeações dos árbitros feitas nos hotéis e nos restaurantes. Temos de acabar com isso”, defendeu.

De acordo com o dirigente, “o processo Apito Dourado fez com que a arbitragem passasse da Liga para a federação, mas a fórmula que existia para a nomeação dos observadores e dos árbitros é a mesma”.

“A única coisa que acabou foram as chamadas telefónicas", rematou Mário Figueiredo, defendendo, por isso, a existência de “um naipe reduzido de árbitros profissionais indicados para os jogos por sorteio” e cuja avaliação deve “ser feita por uma comissão constituída por elementos dos clubes e de outros organismos, através do visionamento de imagens”.

Para o atual presidente da LPFP, está é a forma “mais objetiva e independente” de avaliar os árbitros, salientando que que, comparativamente a outros países, “Portugal tem os observadores, que ninguém conhece, mais caros da Europa”.

Figueiredo defendeu também a limitação do número de jogadores que cada clube possa ter e pretende definir regras limitadoras aos empréstimos, nomeadamente não permitindo a um clube ceder um jogador que tenha acabado de adquirir na primeira janela de transferências.

“Senão, os clubes grandes vão ao mercado contratar 100 jogadores e depois os clubes médios e pequenos ficam sem ter muito por onde escolher e têm de se sujeitar aos empréstimos posteriores com salários muito elevados”, explicou.

A aposta nos direitos televisivos, garantindo que, à exceção dos três “grandes”, que “mantêm” os seus rendimentos, todos os outros clubes receberão sensivelmente “mais do dobro” dos montantes atuais é a pedra de toque da recandidatura de Mário Figueiredo.

Mediante os parâmetros da época finda, e tendo em conta uma receita de 100 milhões de euros (ME), o Benfica receberia cerca de 13 ME, o FC Porto 11,5, o Sporting 10, o Sporting de Braga 5,3 e o Vitória de Guimarães 5,2, sendo que o Arouca seria quem menos receberia, ainda assim 3,2 ME.

Nas estimativas da próxima época, e contando com os direitos da Benfica TV, Mário Figueiredo acredita que o encaixe poderia chegar aos 140 ME.

Nesses moldes, Benfica (17,186), FC Porto (15,183) e Sporting (13,016) veriam aumentadas as suas receitas, que seriam no mínimo de 3,909 ME para o recém-promovido Penafiel: contando com o “fundo de solidariedade”, os clubes da II Liga contariam com 622 mil euros cada.

“Isto vai permitir aos clubes médios e pequenos ficarem mais fortes economicamente e independentes, não só do operador das transmissões televisivas, mas também dos clubes ‘grandes’”, frisou Mário Figueiredo.

Na sexta-feira, a LPFP anunciou que foram apresentados quatro dossiês de candidatura, dois em nome de Fernando Seara, um de Rui Alves e outro de Mário Figueiredo.

A "regularidade das listas e a elegibilidade dos candidatos" para as eleições de quarta-feira vai ser anunciada na segunda-feira, de acordo com o comunicado da LPFP.