O Sporting teve de suar para conseguir a sua primeira vitória na versão 2014/15 da primeira liga portuguesa. Um golo de Carlos Mané ao cair do pano (93’) deu os três pontos à equipa de Alvalade, mas a história do jogo poderia ter sido para guardar no livro das recordações caso o herói da noite tivesse feito o que lhe competia na transformação de uma grande penalidade (62 minutos).

No entanto, tal como em todas as histórias de super-heróis, há sempre um anti-herói improvável pronto a ajudar caso as coisas dêem para o torto. Neste caso, o jovem Carlos Mané, que havia saltado do banco ao intervalo para substituir um apagado Oriol Rosell, levou o público ao delírio quando muitos já davam o empate como certo. A história do jogo desmentiu a ideia de que o Sporting será Nani e mais dez ao longo da temporada.

O ex-Manchester United foi a grande novidade do onze inicial e chegou mesmo a pensar-se – inclusive Nani - que o seu regresso a casa seria perfeito quando Nuno Almeida apontou para a marca de grande penalidade, após Ivan Balliu ter tocado com a mão na bola dentro da área. O futebolista de 27 anos, muito voluntarioso durante toda partida e com imensa vontade de mostrar serviço, agarrou na bola e pediu a Adrien Silva, o habitual marcador, para assumir a responsabilidade.

Mas do outro lado estava um inspirado Goicoechea a guardar as redes contrárias e, com nervos de aço e a ponta das luvas, evitou estragou o momento que colocaria os 37, 722 sportinguistas presentes nas bancadas em completo êxtase, fazendo a equipa respirar de alívio numa altura em que o tempo começava a escassear. Começava, então, a ficar a nu o grande problema dos “leões”: a falta de eficácia no momento de alvejar a baliza.

A equipa de Marco Silva até teve duas oportunidades soberanas para marcar na cabeça de Freddy Montero (já não em jogos oficiais marca há 1142 minutos), ainda no primeiro tempo, mas do outro lado estava um uruguaio que há-de dar muito que falar ao longo desta temporada. O maior volume ofensivo dos “verdes e brancos” e o completo domínio do jogo só foi interrompido duas vezes por dois contra-ataques que terminaram com remates perigosos de Nildo. Mas pouco mais se pode dizer de um Arouca que fez da sua boa organização defensiva a arma para arrecadar pontos em Alvalade.

Ao longo da segunda parte, Marco Silva foi retardando as substituições. Quando faltavam pouco menos de quinze minutos para o final do encontro o treinador decidiu fazer duas alterações de uma assentada. Foi então o primeiro momento alto do jogo. Nani saiu debaixo de uma enxurrada de aplausos, mesmo depois de falhar num momento crucial da partida, tendo sido substituído por Diego Capel. E o japonês Tanaka – que fez o primeiro remate no lance do golo – substituiu André Martins, que havia estado uns furos a baixo do esperado.

O antigo treinador do Estoril acabou por estar bem nas alterações que fez, já que acabaram por mexer com a partida e duas delas tiveram influência no resultado, após cruzamento de Jefferson (sempre muito ativo ao longo dos 90’): Tanaka e Carlos Mané. Não obstante, Naby Sarr também mostrou ser uma opção viável para o centro da defesa, apesar da tenra idade, e notaram-se algumas debilidades defensivas da parte de Ricardo Esgaio.

Numa noite que não deixaria de ser de festa, ficou bem claro que, tantas vezes o cântaro vai à fonte que acaba por mesmo por partir. Apesar do resultado escasso, o Sporting deixou boas indicações para uma temporada que se adivinha longa. Com um estilo de jogo que envolve a troca de bola entre os médios (algo pouco conseguido diante do Arouca) e pede o constante apoio dos laterais no ataque, resta saber se Nani terá tanta importância na manobra da equipa como tem para a “afición”.